
Arthur dá forma à imensidão do oceano
É de praxe: encanto-me por alguns músicos quando sei mais sobre suas vidas e como determinados fatores ou episódios de suas existências – sejam relacionamentos, infância ou até questões internas mais complexas – interferem na maneira como compõem. Assim, o documentário "Combinação selvagem – Um retrato de Arthur Russell" fez com que eu admirasse ainda mais o músico norte-americano, que conheci através de outro compositor, o sueco Jens Lekman (que também faz breve aparição no filme). Arthur Russell concordaria comigo sobre ser interessante enxergar a pessoa por trás do músico, já que sempre procurava conhecer direito quem eram os colegas por trás dos instrumentos.
O documentário alterna entre depoimentos de familiares e amigos, vÃdeos e fotos de Arthur, imagens de São Francisco (refúgio do artista ao fugir da casa dos pais), Nova Iorque (onde morou até falecer, vÃtima de AIDS, em 1992) e das pradarias de Iowa, estado em que foi criado. Arthur experimentou diferentes ritmos, do folk a disco music, sem nunca deixar de lado o violoncelo, instrumento que considerava ser o mais capaz de transmitir quem ele era.
Dentre os depoimentos, destaque para as declarações emocionadas de seu pai, que rotula o trabalho do filho como "música que não dá para acompanhar com os pés". Agradeço ao diretor Matt Wolf por não ter colocado mais cenas do pai de Russell falando sobre o filho, já que faltava pouco pra eu não conseguir mais segurar as lágrimas cada vez que o velhinho aparecia na tela. Aliás, Matt Wolf optou por não realizar um documentário dramático (seria fácil demais apelar para a doença do artista) e focou na obsessão que Arthur tinha por criar, deixando muitos trabalhos sem concluir.
Vale a pena assistir – conhecendo ou não o trabalho do compositor -, e também vale a pena procurar as canções.
Confira no Indie:
16.10 _ 20:50 _ Usina 2