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Diários ind[ie]pendentes

Indie 08 - Mostra de Cinema Mundial, BH, 10 a 16 de outubro

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Conversas de fila, comentários de sessão, resenhas de filmes, pensamentos aleatórios resultando em comentários – nem sempre – pertinentes. De hoje a 16 de outubro, a equipe do Pílula Pop deixa aqui suas impressões diárias do Indie 08 – Mostra do cinema mundial. Que nós adoramos chamar de ‘o maior evento cinematográfico de Belo Horizonte’.

A gente vai estar bastante ocupado sendo indie, mas nas escapadas a gente corre aqui pra te atualizar. Não deixe de voltar aí depois. E depois. E depois.

Aquele com um featuring!

por Daniel Oliveira

Fotos:

Nossa colaboradora Mariana Marques resenhou "A fronteira da alvorada", um dos grandes destaques do Indie deste ano - e foi pentelhada! Confira.

Aquele com Au revoir Simone na trilha

A velocidade da vida (The speed of life, dir. Ed Radtke, EUA, 2007)

por Daniel Oliveira

Fotos: divulgação


“A velocidade da vida†nunca me enganou. Ele tem todas as características de um pegadindie: é indie americano, tem uma sinopse super interessante, um título poético, um diretor de quem ninguém nunca ouviu falar. Eu sabia que ele era pegadindie.

Mas fui assistir mesmo assim. E batata. O diretor Ed Radtke usa o artifício macaco nu de lotar o filme com músicas bonitinhas - sobra até para o Au revoir Simone – para tentar disfarçar sua total falta de competência na direção. O protagonista Sammer, Jeremy Allen White, é muito bom quando está calado – suas narrações em off parecem que ele está com vontade de ir ao banheiro. E o roteiro tem tantos personagens e tantas histórias e tanta coisa acontecendo que a única coisa que falta é o prometido na sinopse: Sammer e seus amigos roubando câmeras de turistas e assistindo aos vídeos.

A idéia de Radtke é até bacana, mas é o tipo de filme que precisava de, pelo menos, mais um ano e meio de trabalho no roteiro antes de botar a câmera na rua. “A velocidade da vida†é, no fundo, a história de um menino (alter ego do próprio diretor, que dedica o longa ao pai) buscando acertar as contas com o pai (e com a vida) – e, nessa linha, fique com o “Tudo perdoado†que a Mari comentou aí embaixo. É bem melhor.

Aquele que tem nome de filme erótico, mas não é

Combinação selvagem: um retrato de Arthur Russell (Wild combination: a portrait of Arthur Russell, dir. Matt Wolf, EUA, 2008)

por Mariana Marques

Fotos: divulgação


Arthur dá forma à imensidão do oceano

É de praxe: encanto-me por alguns músicos quando sei mais sobre suas vidas e como determinados fatores ou episódios de suas existências – sejam relacionamentos, infância ou até questões internas mais complexas – interferem na maneira como compõem. Assim, o documentário "Combinação selvagem – Um retrato de Arthur Russell" fez com que eu admirasse ainda mais o músico norte-americano, que conheci através de outro compositor, o sueco Jens Lekman (que também faz breve aparição no filme). Arthur Russell concordaria comigo sobre ser interessante enxergar a pessoa por trás do músico, já que sempre procurava conhecer direito quem eram os colegas por trás dos instrumentos.

O documentário alterna entre depoimentos de familiares e amigos, vídeos e fotos de Arthur, imagens de São Francisco (refúgio do artista ao fugir da casa dos pais), Nova Iorque (onde morou até falecer, vítima de AIDS, em 1992) e das pradarias de Iowa, estado em que foi criado. Arthur experimentou diferentes ritmos, do folk a disco music, sem nunca deixar de lado o violoncelo, instrumento que considerava ser o mais capaz de transmitir quem ele era.

Dentre os depoimentos, destaque para as declarações emocionadas de seu pai, que rotula o trabalho do filho como "música que não dá para acompanhar com os pés". Agradeço ao diretor Matt Wolf por não ter colocado mais cenas do pai de Russell falando sobre o filho, já que faltava pouco pra eu não conseguir mais segurar as lágrimas cada vez que o velhinho aparecia na tela. Aliás, Matt Wolf optou por não realizar um documentário dramático (seria fácil demais apelar para a doença do artista) e focou na obsessão que Arthur tinha por criar, deixando muitos trabalhos sem concluir.

Vale a pena assistir – conhecendo ou não o trabalho do compositor -, e também vale a pena procurar as canções.

Confira no Indie:

16.10 _ 20:50 _ Usina 2

Aquele que dói

Táxi para a escuridão (Taxi To The Dark Side, dir. Alex Gibney, EUA, 2007)

por Taís Oliveira

Fotos: Divulgação


Revolta, desespero, compaixão, ódio, tristeza, desdém. Todos esses sentimentos aparecem, isolada ou simultaneamente, ao assistir "Táxi para a escuridão". O documentário parte da história de um motorista de táxi afegão, torturado e morto por soldados americanos na Base Aérea de Bagram, para expor os absurdos na guerra contra o terrorismo e as falhas do governo americano.

Mostradas todas as técnicas de tortura usadas e os efeitos terríveis e inimagináveis que elas têm, a discussão parece se voltar para a falta de treinamento dos soldados e o desrespeito à Convenção de Genebra (que determina quais torturas podem ser aplicadas). Pode torturar, mas seguindo as regras. A crítica é também voltada ao fato de que somente os soldados foram a julgamento, e os superiores não responderam por nada. Quem é culpado? Quem chuta uma pessoa até o joelho doer, ou quem deu essa ordem? É claro que uma situação de guerra é estado de exceção e com os depoimentos dos soldados é fácil ver que a noção de moral que vale aqui não vale lá. Mas por isso eles seriam isentos de culpa?

"Táxi para a escuridão" deveria ser obrigatório para todos os americanos, ainda mais em época de eleição. Não só para poder conhecer as ações enquanto senador do candidato John McCain como para constatar que, na guerra contra o terrorismo, quem perdeu menos foi o terrorismo.

Cenas para se observar: a que o soldado, ao hastear a bandeira americana, a posiciona de maneira que ela parece estar cobrindo sua cabeça, da mesma maneira que os torturados são encapuzados. A cena em que a fofa "My Little Corner of the World", música do Yo La Tengo, toca inteira, enquanto são mostradas imagens da Baía De Guantánamo. E, claro, a que a Baía de Guantánamo é apresentada aos jornalistas como se fosse um passeio turístico. Olha só, os prisioneiros ganham Pepsi na segunda-feira e sorvete no domingo! Que maravilha!

A verdade dói. E doeu muito mais neles.

Confira no Indie:

14.10 _ 14:30 _ Usina 2

15.10 _ 19:15 _ Usina 1

Aquele em que amigo é coisa

(River, dir. Mark Wikah, Canadá, 2007)

por Mariana Marques

Fotos: divulgação


Do alto dos meus vinte e três anos, eu já vi várias histórias – ficção ou não - sobre dois amigos inseparáveis, que compartilham segredos e momentos. A sinopse de "Rio" realmente tem um quê de Dawson's Creek: Stan (Adam Budd) e Rotz (Maya Batten-Young) se conhecem, ficam amigos, cuidam um do outro e descobrem mais sobre o outro e si próprios enquanto cultivam a amizade. Stan e Rotz podem ser Dawson e Joey, mas podem também ser aquele casal de amigos um pouco estranhos na fila do Indie.

Sensacional a forma atrapalhada como ele chega para abordá-la em um café. Melhor ainda ela ter recusado a aproximação em um primeiro momento. É isso que a gente deve fazer quando um estranho senta à mesa em que estamos e começa a falar sem parar, certo? E é assim, contando uma história verossímil de amizade, que o filme segue até o final (que não vou contar pra não fazer spoiler, mas compartilhem comigo depois quem viu).

Há aquela falha básica de roteiro, já que acho impossível Stan saber que o pai de Rotz não é vivo só depois de sei lá quanto tempo dividindo o mesmo apartamento com a amiga. Mas vamos perdoar, já que é bonito ver que os amigos nem sempre sabem se expressar (eles vivem começando as frases como um "it is like"), mas nem por isso não se entendem . Compreender o silêncio do outro faz parta da amizade também. Aliás, amigo é coisa né?

Aquele da série twittar (não) é viver # 05

por Daniel Oliveira

Fotos:

Twitter Indie 08: Ser indie é: oferecer o ingresso para o amigo e ficar na fila no lugar dele para que necessidades fisiológicas possam ser obedecidas. at 14:18

Aquele que critica o Hugo Chávez

A Ameaça (La Minaccia, dir. Silvia Luzi e Luca Bellino, Itália/Venezuela, 2008)

por Taís Oliveira

Fotos:

A ameaça, no caso, seria o socialismo, mais exatamente Hugo Chávez. O documentário parece encomendado pelo governo norte-americano, mas foi feito por dois italianos. Forçado, ele tenta mostrar que o governo Chávez cerceia a liberdade de expressão e só piora as condições já precárias do país. Pouco cuidado estético foi tomado, tanto que o microfone aparece várias vezes no canto da tela. É o típico documentário mezzo pedante mezzo interessante que os professores de história passam durante as aulas do colégio.

No final, ao serem retratados os protestos promovidos pelos estudantes quando a RCTV foi fechada pelo governo, o documentário melhora (mexeu com a imprensa, mexeu comigo). Os absurdos são mostrados de maneira mais clara, a voz dos estudantes (que é o que interessa) é ouvida. São nesses momentos que o documentário ganha força: quando podemos conhecer um pouco do que pensam e vivem os venezuelanos, através do que eles falam. Aí sim queremos saber mais sobre o que acontece no país em que sobra petróleo e falta água.

Confira (ou não) no Indie:

14.10 _ 19:00 _ Usina 2

15.10 _ 17:00 _ Usina 1

Aquele do terror psicológico

Ato de Violência (Höhere Gewalt, dir Lars Henning Jung, Alemanha, 2007)

por Igor Costoli

Fotos: Divulgação

Uma das grandes premissas da arte, e que anda muito pertinente, é a de que a humanidade deu errado. Talvez, por ser verdade, já que não faltam exemplos reais. Então, o cinema se torna um ótimo espaço para pensar como pessoas comuns, em contextos banais, conseguem fazer coisas abomináveis achando que estão certas.

Personagens plausíveis. Melhor, personagens-pessoas.


Era uma casa nada engraçada...

Você já os viu no colégio, você já os viu indo pra algum carnaval temporão da vida. Gente comum. No filme de Lars Henning Jung, seis jovens saem para um final de semana em uma casa de campo, à beira do lago, no meio do nada. Situação comum. E não há uma única tomada, um único diálogo, desde o início do filme, que não dê a impressão de que algo vai dar muito errado.

O bullying constante promovido entre as personagens de Ato de Violência é só uma pista. Deixe-se levar – por ela e pelo filme. Depois falo mais dele.

Confira no Indie:

12.10 _ 21:30 _ Usina 1

16.10 _ 18:50 _ Usina 2

Aquele com a Juno francesa

A cabeça de mamãe (La Tête de Maman, dir Carine Tardieu, França, 2005)

por Mariana Marques

Fotos: divulgação


O francês "A cabeça de mamãe" é forte candidato ao posto "filme fofo do indie". Pudera, já que a protagonista Lulu (Chloé Coulloud) é encantadora. A adolescente quer ajudar a mãe hipocondríaca a sair da depressão. E assim a menina vai à procura de um antigo amor de sua progenitora, após encontrar uma foto da mãe radiante aos 20 anos.

Lulu é uma espécie de Juno francesa, com pensamento astuto, respostas ágeis e independência para resolver sua vida (e a dos outros) sozinha. Implica com os garotos do colégio, não tem muita vaidade e gosta de ouvir as canções de Jane Birkin - que faz aparições bem colocadas e divertidas na trama. A menina só atende pela alcunha de Lulu, já que o nome "Lucille" é deveras feminino para ela.

Não há nada assim de tão genial no roteiro, mas digamos que se você curtiu Juno e Amelie Poulain, não tem erro, Lulu e as coisas que passam em sua cabeça vão agradar. É fofo. E pronto.

Confira no Indie:

12.10 _ 19:00 _ Usina 3

Aquele dos bebês e dos dinossauros

Sonic Youth: Dormindo Noites Acordadas (Sonic Youth: Sleeping Nights Awake, dir. Michael Albright e Projeto Moonshine, EUA, 2007)

por Taís Oliveira

Fotos: divulgação


Belo documentário que acompanha um show da banda Sonic Youth em Reno, cidade dos EUA. Foi feito por alunos de uma high school, o que parece ser arriscado, mas é o que faz a glória do filme, tão natural e despretensioso, sem os vicios dos experientes. As entrevistas são bem interessantes e se relacionam com as músicas, que rendem imagens belíssimas (em preto e branco). Fica a dúvida sobre qual seria o "azul bizarro" da guitarra mostrada pelo roadie. A edição é bem feita e a banda, que tem décadas de carreira e não precisa provar mais nada para ninguém, parece ter sido bem receptiva com os jovens iniciantes.

Durante a sessão do documentário barulhento, era curiosa a presença de tantos casais de velhinhos (muitos saíram durante a sessão). Cadê os indies de BH?

A próxima sessão é no dia 13, às 17h10, no Usina 4. Talvez essa seja uma sessão de Indie.

Twitter Indie 08: Quão equivocada é a tradução do título do filme? at 12:53

Twitter Indie 08: Hum, vontade de comer Hershey's. at 22:53, October 10, 2008

Aquele com o pegadindie

Aquele com a sessão de gala de hoje

Aquele da série Twittar (não) é viver # 02

Aquele com a sessão fantasma

Aquele com a menina fantasma

Aquele com a frase do dia de sexta-feira

Aquele em que o sinal fica verde

Amar é...

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