Revolta, desespero, compaixão, ódio, tristeza, desdém. Todos esses sentimentos aparecem, isolada ou simultaneamente, ao assistir "Táxi para a escuridão". O documentário parte da história de um motorista de táxi afegão, torturado e morto por soldados americanos na Base Aérea de Bagram, para expor os absurdos na guerra contra o terrorismo e as falhas do governo americano.
Mostradas todas as técnicas de tortura usadas e os efeitos terrÃveis e inimagináveis que elas têm, a discussão parece se voltar para a falta de treinamento dos soldados e o desrespeito à Convenção de Genebra (que determina quais torturas podem ser aplicadas). Pode torturar, mas seguindo as regras. A crÃtica é também voltada ao fato de que somente os soldados foram a julgamento, e os superiores não responderam por nada. Quem é culpado? Quem chuta uma pessoa até o joelho doer, ou quem deu essa ordem? É claro que uma situação de guerra é estado de exceção e com os depoimentos dos soldados é fácil ver que a noção de moral que vale aqui não vale lá. Mas por isso eles seriam isentos de culpa?
"Táxi para a escuridão" deveria ser obrigatório para todos os americanos, ainda mais em época de eleição. Não só para poder conhecer as ações enquanto senador do candidato John McCain como para constatar que, na guerra contra o terrorismo, quem perdeu menos foi o terrorismo.
Cenas para se observar: a que o soldado, ao hastear a bandeira americana, a posiciona de maneira que ela parece estar cobrindo sua cabeça, da mesma maneira que os torturados são encapuzados. A cena em que a fofa "My Little Corner of the World", música do Yo La Tengo, toca inteira, enquanto são mostradas imagens da BaÃa De Guantánamo. E, claro, a que a BaÃa de Guantánamo é apresentada aos jornalistas como se fosse um passeio turÃstico. Olha só, os prisioneiros ganham Pepsi na segunda-feira e sorvete no domingo! Que maravilha!
A verdade dói. E doeu muito mais neles.
Confira no Indie:
14.10 _ 14:30 _ Usina 2
15.10 _ 19:15 _ Usina 1