Busca

»»

Cadastro



»» enviar

Competitiva Brasileira 3: Alguma Coisa Assim
(de Esmir Filho, São Paulo, 2006)

Uma janela para: 17 anos, à noite

por Rodrigo Campanella

» receite essa matéria para um amigo


- O curta é bom?

- É um “Malhação†bem-feito. E homoerótico.

Assim o Daniel aqui do Pílula resumiu “Alguma coisa assimâ€, respondendo minha pergunta antes da sessão. E a novelinha da Globo está mesmo ali, mas como papelão de fundo: um garoto e uma garota, 16 ou 17 de idade, bem nascidos, nutridos, maquiados e vestidos embrenham-se pela noite de São Paulo. As imagens são de um mundo acolhedor, uma noite não-pontiaguda onde o único risco certo é voltar para casa com o coração machucado.

- É um “Malhação†bem-feito. E homoerótico.

- Mas é bom?

A mais, a possível “Malhação†que há ali é bem realizada – ou seja, a novelinha é virada do avesso. Começando pelo próprio ambiente, já que o programa da Globo, até onde eu lembro, sempre exibe uma adolescência improvável em que a noite é horinha de dormir. E com aqueles personagens que vieram ou de uma ONG dos contos de fada ou de uma cela em Bangu.

“Alguma coisa assim†tem o mérito de, em quinze minutos, tornar reais para quem assiste dois adolescentes em dúvida numa entrada pela noite que tem mais de acerto de contas com eles próprios do que com descoberta do mundo. Mas chega o ponto em que a história parece preocupada em não crescer e perder o foco. Então ela se torna macia demais, aparando as arestas que gritam naquele pequeno mundo.

“O Passageiroâ€, longa de Flávio Tambellini, olhava esse mesmo lugar de um jeito ingênuo, e mais sincero. Mas “Alguma Coisa Assim†fica a boa tentativa de dar o retrato de uma adolescência quase ignorada: onde o sorrisão mascara o que fica fundo e calado, uma bomba alimentada em dúvida, querendo passar como se não existisse.

« voltar para o início

» leia/escreva comentários (0)