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Competitiva Brasileira 1: Às vezes é mais importante lavar a pia do que louça
(dos Irmãos Pretti, Ceará, 2006)

Uma janela para: uma vida aquática

por Rodrigo Campanella

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Cada um com seu cinema, usar um curta para fazer um longa em miniatura quase sempre é desperdício de material. Cada um com seu cinema, os vinte minutos de “Às vezes é mais importante lavar a pia do que a louça†não foram feitos na prensa de contar histórias compridas que provavelmente agradaria um fã de Harry Potter. Mas me acertou na boca do estômago, pegando o atalho da memória.

“Às vezes...†é um tipo de cinema consciente do que deseja, ainda que isso provavelmente não garanta sala cheia, bilheteria esgotada. Porque a experiência entregue é daquelas que põe a existência na mão do público. Se você entrega memórias, vazios e frustrações para o curta, ele se abre. De outro modo, ele nem existe. Porque não existe história para ser contada no cotidiano cheio de tempos à toa de dois irmãos numa casa de praia, filmado quase sempre com câmera parada e extrema mansidão.

A praia nem é vista, e no entanto está lá em cada imagem. Cada graça dos dois até renderia mais risadas se o choque na memória não fosse tão fundo. A rotina de vazios, o som do mar batendo, da cidade ao longe e do vento misturado na imagem vão lembrando um tempo à parte, uma pausa inesquecível em algum lugar – onde a vida pára, e mesmo com quinze, vinte, quarenta anos, parece que ela ainda está prestes a começar, com todas as possibilidades do mundo na bagagem.

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