Lembra aquele sistema médico socializado do Canadá, que o personagem yuppie odeia em “Invasões bárbaras”? Foi Tommy Douglas, avô de Kiefer William Frederick Dempsey George Rufus Sutherland, que criou. Kiefer é um cara assim, transnacional. Nascido aos 21 de dezembro de 1966 na Inglaterra, ele morou até os 4 anos em Los Angeles, quando seus pais – o ator Donald Sutherland e a atriz Shirley Douglas – se separaram e ele se mudou com a mãe e a irmã gêmea Rachel para Toronto.

Sutherland começou a atuar com 15 anos. Seu primeiro protagonista foi em “Quando chega o amor”, de 1984. Aos 18 anos, foi para Los Angeles, onde sua aparência de bad boy, não sublimada pelo carisma, deu início a uma carreira de antagonistas e personagens desajustados.

No ótimo “Conta comigo”, ele era o líder muito mau de uma gangue; e em “Os garotos perdidos”, um vampiro sanguinário. “Os jovens pistoleiros” o apresentou a Emilio Estevez, um de seus parceiros no chamado brat pack – grupo de atores promissores dos anos 80 cujas carreiras, tão rápido como decolaram, declinaram em meados da década seguinte.

Foi o que aconteceu com Sutherland. Frustrado com a qualidade dos filmes que vinha fazendo, ele decidiu, na segunda metade dos anos 90, dedicar-se a uma paixão adquirida nos sets dos dois Young guns: cavalos. Kiefer entrou no circuito dos rodeios norte-americanos e, se você acha que foi febre de celebridade, o peão-ator ganhou o Team Roping Championship nos EUA, em 1998.

Durante essa fase, Sutherland seguiu com sua incursão como diretor, iniciada na TV em 93, com “Punido ao extremo”. Em 1997, ele fez seu primeiro longa para cinema, “Últimas conseqüências”, seguido de outro para TV, “Procura-se”, tendo atuado em todos os três. Personagens desajustados continuavam, como o membro da Ku Klux Klan em “Tempo de matar” e o pedófilo em “Olho por olho”.

Sua carreira só voltou a deslanchar, porém, com o seminal agente Jack Bauer, de “24 horas”. Com produção de cinema, a série rendeu vários prêmios de melhor ator a Kiefer, que também passou a atuar como produtor-executivo. Mas não se engane: apesar de toda a parafernália usada por Bauer para salvar o mundo, a filha de Sutherland o considera um iletrado cibernético.

O prestígio lhe rendeu altos salários por curtas participações no cinema, como a assustadora voz de “Por um fio”. 2006 o aguarda no cinema em “The sentinel”, ao lado de Michael Douglas. E além de ator, Mcgyver e peão, Kiefer ainda tem um estúdio em LA, Ironworks, com o amigo Jude Cole, que produz bandas de rock iniciantes. Yeah, Kiefer rocks.