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Jack, por favor, permaneça na televisão

08.08.06

por Daniel Oliveira

Sentinela

(The sentinel, EUA, 2006)

Dir.: Clark Johnson
Elenco: Michael Douglas, Kiefer Sutherland, Eva Longoria, Kim Basinger, Martin Donovan

Princípio Ativo:
Sutherland wannabe Bauer

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Com o perdão do trocadilho óbvio, mas está virando série. Depois da “Carrie sedada†e da “Rachel sedadaâ€, chegou a vez do “Jack Bauer sedadoâ€. É impressionante como esse “Sentinela†quer engrenar toda vez que Kiefer Sutherland aparece com sua cara de bravo, xingando Deus e o mundo e botando ordem na bagunça. Você tem a impressão de que ele vai pegar o celular, ligar para a CTU e o reloginho vai aparecer a qualquer momento.

Mas não. O diretor Clark Johnson corta e o filme volta a ser uma chatice só. Na trama, Pete Garrison (Michael Douglas), um agente especial que mantém um caso com a primeira dama (Kim Basinger, no auge do botox), é vítima de uma armação que o coloca como principal suspeito de um complô para assassinar o presidente. Ele tem que descobrir quem é o verdadeiro traidor, enquanto é perseguido pelo agente do FBI David Breckinridge (Sutherland).

Ah! E tem também Eva Longoria (Desperate Housewives) como Jill, um papel suuuper importante. Ela é uma novata que substitui o assistente negro de Breckinridge (uma latina entra no lugar de um negro para mostrar que minorias têm lugar no Serviço Secreto do Tio Sam, sacou?). Tão sutil.

“Sentinela†ensaia um thriller à la “O fugitivo†e uma trama política que queria ser “Sob o domínio do malâ€. No primeiro quesito, só não se sai pior que “Firewall†porque Michael Douglas se mostra menos caquético que o colega Indiana Jones. Garrison tem uma rixa pessoal com Breckinridge - e Sutherland e Douglas têm uma boa química nas suas cenas juntos.

É no segundo quesito que o longa desanda. Para começo de conversa, dá para adivinhar quem é o traidor na primeira cena em que ele aparece. A escolha do ator, a cara de mau, a pobreza da trama – acredite: você vai, no mínimo, suspeitar. O roteiro superficial não cria simpatia pelo romance de Garrison e a primeira-dama – no que é ajudado pela performance constrangedoramente ruim de Basinger. Isso faz com que você torça por Breckinridge, pela expectativa citada no primeiro parágrafo, numa experiência estranha e frustrante.

Além disso, a tal ameaça ao presidente não tem a adrenalina de “24 horasâ€, nem o significado político de um “Taxi Driverâ€. O clímax do longa, no topo de um prédio, ainda desperta esperança de algo inesperado ou original. Mas o diretor e o roteiro apelam para o óbvio novamente. Desculpem-me os detratores, mas não há como não pensar que ficar em casa e assistir a “24 horas†é bem melhor.

P.S. (Picuinha Service): Na última cena, onde é que foi parar o presente de despedida, que Garrison recebe dos colegas e faz tanta questão de dizer que é um mico?

Enquanto Sutherland e Douglas discutem qual pai é mais famoso, Longoria cumpre seu papel: ser bonita.

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