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Pequenas sutilezas cotidianas temperadas com uma dose de canela. Ou fragmentos da vida acompanhados de exagero crônico. |
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Rio Longe
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Éramos doze e a certeza de que navegar é preciso. Não havia verão, ainda assim, descansar da própria vida foi urgência. Um por querer isso e aquilo, outros por buscar o sexo dos anjos.
Já não agüentava falsa poesia e tantos abusando da palavra – talvez até eu mesma - do lugar de onde partimos. Declaramos morte à carestia, compartilhamos colchões, segredos e o amor que só fica claro quando tem chance de respirar.
No barco ninguém vale quanto pesa. Qualquer preocupação maior que o nó do biquÃni não habitava o espaço. Desejo daquilo era suficiente, as surpresas aconteceram e ninguém tentou pegar, embora desse vontade. Morrer no mar deve ser doce, sim. Mas cuidar da vida tão saboroso que o tempo passou sem nossa querência.
Éramos mais que nós, enquanto a cidade (e a dona da casa) dormiam. Também optamos pelo sono para não ver o fim. A semana seguinte dura. Cada um se esconde, cada um com seu canto. Areia nos óculos, machucado pelo corpo, cana de açúcar no sapato e uma saudade desejosa de ser estrada.
-- Nara Mourão adora um sorriso largo, mas garante que o dela não passa de 32 dentes. narachamou@yahoo.com.br
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