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A quem a letra não urge? Considerando essa necessidade da escrita inerente a muitos, cá estão algumas letras que buscam cores como tratamento para dores diversas. |
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Crua
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Ele não imaginava que isso pudesse um dia acontecer vindo dela, sempre ali ao lado dele, perto e distante. Ele sabia que ela jamais mostrava de fato o que sentia. A bela Cochi sorria muito, fazia algumas piadas, falava algumas bobagens apenas com o intuito de fazê-los (os amigos) sorrirem todos.
Mas esse controle que tantos sorrisos mostravam era apenas uma Ãnfima parte de nossa garota sambista. A bela morena controlava os limites de aproximação e não se deixava fazer conhecer. Cochi era mesmo um sorriso e um mistério.
Um dia, tão comum como hoje, ela resolve parar de sorrir e se mostrar de perto para ele. Quando ele a viu assim tão crua e próxima, sentiu uma vontade imensa de pendê-la em seus braços para acalmar a ânsia de fuga sentida por ele, tamanha era a sua incapacidade de lidar com toda aquela transparência.
Ele, que já a tivera algumas tantas outras vezes nos braços, tão próxima, porém sempre distante, não esperava, nem sequer imaginava chegar a ter contato com aquela crueza. Naquele momento ele sentiu que ela era muito mais dele do que quando se beijavam; ela era ela somente, transparente e linda, assim tão crua, de cor de salmão, desses que nadam em água fria.
Ela era inteira e completa com seu olhar de lágrima. Não havia distância de segurança e por isso ela era tão vulnerável e também muito mais humana. Naquele momento ele viu que a podia amar.
Ela era tão vulnerável quanto ele.
-- Camilla Felicori gosta muito de cores. camilla.felicori@gmail.com
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