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Popozuda (versão anos 30)

25.08.06

por Braulio Lorentz

Christina Aguilera – Back to Basics

(SonyBMG, 2006)

Top 3: “Candyman”, “Ain't No Other Man” e “I Got Trouble”.

Princípio Ativo:
Pop Básico

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De onde menos se espera estão brotando alguns dos melhores álbuns do ano. Back to Basics é mais um exemplo de disco que foge dos climas de novidade e hype descarado de estréias como as de Arctic Monkeys, Gnarls Barkley e Lily Allen.

O terceiro disco de Christina Aguilera pode ser jogado no mesmo balaio do terceiro de Nelly Furtado, pela qualidade e pela capacidade de ser pop, pop mesmo. As músicas de ambas são faladas pela mídia e habitam o topo das paradas, topo mesmo. É som de popozuda, faz dançar, agrada desde a primeira ouvida, entra nos miolos e pra sair é difícil. Quem ouve “Ain't no other man, can stand up next to you / Ain't no other man on the planet does what you do” e não meneia a cabeça por um número indefinido de vezes prova que a vida precisa de uma caixa de Crayon com 256 cores.

A cantora norte-americana assina todas as faixas, a maioria com a produtora Linda “What's Up” Perry, que deu uma polida no som de Pink e James Blunt. Toques de jazz, R&B e hip hop estão espalhados ao longo das 22 faixas divididas em dois CDs. Do não tão bom “disco 2”, saltam aos ouvidos as duas melhores faixas, - Viva a contradição! - “Candyman” e a balada que parece que se perdeu dos anos 30 e veio parar nos 00, “I Got Trouble”. “Hurt” e “The Right Man” são de outro time. Menos, Aguilera, menos... Você estava indo tão bem sem essas orquestrações.

Voltando ao “disco 1”, “Understand” tem pinta de sobra de disco da Mariah Carey, mas a tecla de “>>” do seu aparelho de som serve nesse caso também. Apertando-a três vezes você vai dar de cara com “F.U.S.S”, que merece um desafio: tente ouvi-la sem estalar os dedos acompanhando os dois minutos e vinte segundos de faixa. Ao pressionar “>>” outras três vezes, você descobre que Christina continua uma garota suja. “Still Dirrty”, no entanto, é bem diferente dos tempos do primeiro hit do segundo álbum (“Dirrty”, do CD Stripped, de 2002). Ela é bem boa.

Da mesma forma, nada será igual àquela Christina inocente, do primeiro CD, de 99. Ela era uma menina a rolar na relva enquanto éramos apresentados ao primeiro sucesso, “Genie in a Bottle”. Depois de sentar no colo do Super-Homem, vide o clipe de “What a Girl Wants”, ela dançou semi-nua num ringue, no vídeo de “Dirrty”.

Quatro anos depois da Christina lasciva, surge uma outra Christina. Diferente de certos renascimentos, os de Aguilera são acompanhados de mudanças significativas na sonoridade. Diluir a afetação da moça é tarefa difícil, mas os berros que antes eram desmesuradamente distribuídos, desta vez vêm em doses homeopáticas. E das 22 doses, apenas cinco ou seis possuem contra-indicações.

Aguilera em uma das poucas fotos em que não mostra a barriga

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