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“And so I say now: Adeus, Rosinha...”

14.01.10

por Cedê Silva

O Homem que Engarrafava Nuvens

(Brasil, 2009)

Dir.: Lírio Ferreira
Com: Denise Dummont, David Byrne, Gilberto Gil, Caetano Veloso, Chico Buarque, Cordel do Fogo Encantado, Forró in the Dark, Lenine

Princípio Ativo:
baião

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A história cultural do Brasil é a história das panelinhas. Em cada época, todos os grandes se conheciam e formavam uma adorável turminha. Machado e os fundadores da ABL. Mário, Tarsila, Oswald e seus amigos. A turma da Rádio Nacional. A turma da Nara Leão. A Jovem Guarda. A Tropicália etc etc etc.

“O Homem que Engarrafava Nuvens”, documentário com o (suposto) objetivo de mostrar ao espectador a genuína música indie nordestina, investe mesmo é na panelinha. E dá-lhe performance de artistas desconhecidos, como Chico Buarque, Gilberto Gil, Caetano Veloso...

“Mas não é sobre Humberto Teixeira, o Doutor do Baião, o autor de Asa Branca?”. Parece ser. Mas o filme fracassa exatamente por ter vários objetivos, sem cumprir nenhum satisfatoriamente: (a) biografar Teixeira; (b) fazer um road movie-desabafo da protagonista Denise Dummont, filha dele; (c) mostrar sua influência na música regional e nacional.

Tome-se o objetivo biográfico. É mencionado que Teixeira teve importante papel sobre a legislação de direitos autorais. Mas no filme tudo o que vemos, em brevíssimos minutos, é que ele foi deputado. E só. Mais sobre isso ficou para um slide logo antes dos créditos (!).

Em uma das melhores cenas do filme, Denise Dummont conversa em Nova Iorque com a mãe, Margarida Teixeira, que faz um sincero desabafo sobre o marido. Mas como o resto do filme é uma bricolagem de clipes e shows, esse lado humano não se desenvolve.

No terceiro objetivo, mostrar a influência do compositor, também houve preguiça. Ficamos sabendo que Raul Seixas curtia Humberto Teixeira, que o baião era uma espécie de axé da época e não muito mais. O meu, o seu, o nosso dinheiro foram usados, em grande parte, para mostrar shows de nomes já consagrados no... adivinhou, Teatro Petrobras. E o homem que chefiou o Ministério da Cultura por vários anos é ele próprio uma das pessoas com mais tempo na tela.

Em vez de assistir ao filme, recomendo aos leitores que procurem saber mais sobre Forró in the Dark (pasmem, banda jamais mencionada no Pílula!) ou leiam o blog do David Byrne, que é mais instrutivo.

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