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De Volta Para os 80

25.08.09

por Augusto Barros

La Roux – La Roux

(2009)

Top: "In For the Kill", "Tigerlily", "Reflections are Protection'.

Princípio Ativo:
Nostalgia anos 80

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Tenho um pé atrás com esse revival anos 80. Nunca fui à Ploc 80, não troco aceleradores e placas de vídeo por um Atari, os G.I. Joe eram muito caros para o orçamento lá de casa e adoro saber que no próximo mês o meu caminhar rumo à diabetes e ao infarto não sofrerá remarcação de preço. Desconfio que o meu santo não bate com as ombreiras e o laquê do santo daquela época. Lógico, tinha o Depeche Mode, o New Order e todo o pessoal Dark, Pós-Punk e New Wave, mas desconfio que esse povo não dava as caras no Gugu, no Chacrinha ou no Bolinha e me parece que essa nostalgia não é muito honesta. Por outro lado, muita gente boa se aproveitou dos synths e vocoders para fazer musica pop de qualidade, vide o belo topete da ruivinha Elly Jackson, de apenas 23 anos, do duo La Roux.

Sabe De volta para Futuro? Pois é, Elly Jackson era uma descolada habitante daquela época até pegar emprestado o Delorean de Marty McFly e dar um pulo no século XXI. Essa é a dedução mais razoável para quem vê a capa de seu primeiro single, “In For the Killâ€: a ruiva, esbelta saindo do carro ainda ligado, envolta na fumaça do possante, aproveitando para arrancar umas resenhas bacanas da NME e indicações ao Mercury Prize, além de fazer amizade com um povo legal.

Junto com Bem Langmaid, ela faz um synth pop bacana com influências bem claras: Erasure, Yazoo, Eurythmics e qualquer coisa com camadas de sintetizadores, teclados e baterias eletrônicas. O resultado: um debut que se mostra bem acabado, já na abertura, com a sequência bacanosa ‘In For the Kill’ e ‘Tigerlily’. Os singles “Quicksand†e “Bulletproof†são bons para as pistas, até mesmo para dançar de cara para a parede, na melhor tradição Crepúsculo de Cubatão, casa hype carioca daquela época.

“I’m Not your Toy†e “Reflections are Protection†são conselhos para meninas. Aliás, ponto para a moça, ela consegue assumir posturas bem diferentes em suas faixas, desde o falsete nervoso da sequência inicial até o ar cool e melancólico de “Cover my Eyes†e “Armour Loveâ€: rendem suspiros sinceros. Langmaid também faz um trabalho muito bom, alternando boas bases eletrônicas, batidas leves e melodias fáceis, que se adequam ao seu maior objetivo: servir de caminho para a pretensão de sua parceira de se tornar a Annie Lennox do século XXI.

Quem viu a temperatura do disco vai achar meio estranho falar bem de um álbum e dar essa nota, mas o maior risco da dupla é sua roupagem. É oitentista demais, muito preso a uma época que já se foi e deixa em dúvida quais são as suas reais possibilidades. Referências eles têm e são tão claras e tão absolutas que correm o risco de se tornarem um caminho a ser seguido ao infinito, ao invés de um ponto de partida. Como será quando a modinha 90 sepultar a maquiagem multicolorida, o esfumaçado e os tons dourados e neons? Torço pela ruivinha, ela faz por merecer.

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