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F de Filas

24 de janeiro: “Subterrâneosâ€, “A festa da menina morta†e “Filmefobiaâ€

por Daniel

Fotos: Divulgação

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Em Tiradentes, o grande macete é o seguinte: a não ser que você queira muuuito assistir ao filme do Cine-Praça, vá para a Tenda porque lá são exibidas sempre duas sessões (neste ano, três), então dá pra manter um melhor score de filmes assistidos. Só que em 2009, proibiram de permanecer na sala de uma sessão para outra – é necessário sair, enfrentar a fila novamente e correr o risco de não conseguir entrar.

E como as filas estão (para variar) enormes, você não vai entrar. Por isso, graças a Kubrick pela minha credencial de imprensa.

Os trabalhos ontem começaram com “Subterrâneosâ€, filme de 2003 na retrospectiva do homenageado José Eduardo Belmonte. Engraçado assistir ao longa após o debate da manhã: foi fácil reconhecer os métodos e estilismos do diretor. Botar os atores em interação improvisada com pessoas na rua, escondendo a câmera, e fragmentar as cenas em vários pedaços, saltando entre uma e outra, são alguns dos estratagemas claros desse que foi o primeiro longa de Belmonte. Fato: ele aprendeu a usá-los melhor com o tempo, “Subterrâneos†é legal, mas falta foco, objetivo.

Às 20h, foi a vez de “A festa da menina mortaâ€. Longa de estreia na direção do ator Matheus Nachtergaele, “A festa...†foi lançado em Cannes no ano passado, já passou pelo Cineop, Mostra do Rio e São Paulo e acumula prêmios. Mas este jornalista que vos tecla não gostou muito, não. A resenha deve ser escrita pela intrépida Mariana Marques e aparece por aqui logo.

F de falso


Sim, existe gente que tem fobia de anão.

Por fim, já com os olhos derretendo globo ocular afora, veio “Filmefobiaâ€. Falso-documentário-experiência-jogo-mockumentary, o longa de Kiko Goifman (do documentário 33) foi o grande vencedor do último Festival de Brasília e, com certeza, é um dos filmes brasileiros mais interessantes dos últimos tempos. No longa, o crítico e estudioso do cinema Jean-Claude Bernardet interpreta um diretor do ‘documentário dentro do filme’, que coloca fóbicos (pessoas portadores de medo patológico com relação a alguma coisa) frente aos objetos de seu pânico e registra a experiência como um documentário gore de terror.

A grande sacada é que Goifman deixa bem claro que tudo pode se tratar de uma armação. Alguns dos fóbicos são atores, outros são fóbicos e atores, então nunca se sabe se o que está na tela é verdade ou encenação. O próprio Goifman, coloca à prova sua fobia de sangue em algumas das sequências mais aflitivas do filme. “Já desmaiou? Desmaiar é legal. O único problema era me acordarem depois porque só eu podia gritar o ‘corta!’â€, ele se divertiu no debate da manhã de domingo.

Espécie de um “O albergue†que conta a história dos ‘torturadores’, e não das ‘vítimas’, o longa de Goifman acaba questionando os três vértices do triângulo cinematográfico. Questiona os realizadores e seu sadismo insensível; os participantes do jogo e seu masoquismo, uma ilusão de que superarão o medo passando por aquelas situações; e o próprio público e nossa necessidade mórbida de se ‘entreter’ com tais imagens. “O filme parece se basear na palavra mas, na verdade, ele se baseia na sua desconstruçãoâ€, explicou o sempre pertinente e elusivo Jean-Claude Bernardet.

Adicione aí algumas máquinas laranjamecanianas, ratos, cobras (e botões) e “Filmefobia†se torna um dos filmes mais originais que você vai encontrar nos cinemas próximos à sua casa. Ou não (afinal, trata-se de cinema brasileiro independente).

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