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“Se nada mais der certoâ€: Debate com diretor e elenco, 24/01/09

por Daniel Oliveira

Fotos: Divulgação

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Começou. E antes que você me pergunte...Boletim metereológico: não, a chuva ainda não perturbou/deslocou nenhuma sessão da Mostra.

O que não quer dizer que o caos não tenha se instaurado em Tiradentes na noite de sexta-feira. Cortesia do diretor homenageado José Eduardo Belmonte, ele invadiu a tela do Cine Tenda com “Se nada mais der certoâ€, ótimo começo para o festival deste ano (a resenha chega em breve).

No debate que aconteceu agora há pouco, o caos estabelecido pelo cineasta em seu set, e na montagem que conferimos na tela, foi a constante na fala de atores e críticos. Ele é a ferramenta usada por Belmonte para desarmar os vícios e pré-concepções novelescas que atores (e equipe) trazem de suas experiências televisivas – uma erva-daninha que impregna 90% do cinema nacional.


Belmonte tira fotos-clichê-turista-em-Tiradentes, mas conquistou o Pílula.

A atriz Caroline Abras, uma bola que eu já havia cantado alguns Tiradentes atrás e que ganhou o prêmio de melhor atriz no último Festival do Rio pelo papel da lésbica (ou não) Marcin, iniciou os trabalhos. “Se o caos está estabelecido, então tudo vale†é o que ela comentou a respeito do processo criativo provocado pelo diretor. “Eu dizia que precisava de algo, que não tava certo, tem umas horas que ela era super machinha, noutras era um viadinho. Eu precisava de algo pra fechar e o Zé dizia: ‘Nâo fecha!’â€.

Já Murilo Grossi, ‘ator-fetiche’ (ui) do diretor segundo o mediador do debate, citou Sartre para explicar ao público que “a liberdade constante é um inferno, um confronto com suas limitaçõesâ€. No que ele foi complementado pelo também intérprete Eucir de Souza: “você não fica à vontade. Fica confortável. É como se sentir confortável nuâ€.

Mas quem salvou Belmonte das sérias acusações de promotor (caótico) do caos foi a atriz Rosane Mulholland, que trabalhou com ele em “A concepçãoâ€. Ela concluiu bem que “o caos é para nós, atores, porque o Zé sabe exatamente o que ele querâ€.

E sabe mesmo. Belmonte é daqueles cineastas que faz do cinema sua religião (junto com Scorsese e Bertolucci), um altar em que ele exorciza a culpa que lhe foi incutida pela criação cristã. “â€Cresci acreditando que Deus estava em todos os lugares. Enxergava ele acima do teto branco. E o cinema é isso: essa presença que a gente vê sem ver. Pode parecer paradoxal, estranho, mas o cinema é o que a gente não vêâ€, filosofou. E com essa, ele ganhou o Pílula Pop.

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