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Quer么, Tiradentes 2007

10 elementos para um soco no est么mago bem dado, segundo Quer么

por Daniel Oliveira

receite essa mat茅ria para um amigo

Direto de Tiradentes-2007, o diretor Carlos Cortez e a produtora D茅bora Ivanov contam como foi pegar o texto de um dramaturgo consagrado, um menino das ruas da Baixada Santista e transformar isso no Pixote dos anos 00.

1. Obst谩culos

鈥淐aptar recursos para um projeto baseado na dramaturgia de Pl铆nio Marcos [de onde 鈥淨uer么鈥 茅 extra铆do] 茅 sempre dif铆cil. S茫o personagens malditos. Hist贸rias pesadas鈥, confessa a produtora D茅bora Ivanov, no in铆cio do Encontro com a Cr铆tica e o P煤blico, na Mostra de Tiradentes.

2. Sorte

鈥淢as a regi茫o da Baixada Santista, de onde o Pl铆nio vem, respeita muito a obra dele鈥, continua. E completa, com felicidade, que 鈥渁lguns empres谩rios entendem que 茅 uma realidade que precisa ser contada鈥. E segundo Ivanov, muitos deles nem conheciam previamente a Lei de Incentivo.

3. Sinuca

鈥淧aulo [Sacramento, editor de 鈥淨uer么鈥漖 e eu conversamos muito normalmente. Ainda mais fazendo um filme鈥. 脡 como o diretor Carlos Cortez se refere 脿 rela莽茫o com o montador de seu longa. 鈥淓 todo mundo sabe que o Sacramento 茅 um sinuqueiro confesso. Ent茫o, na cena da sinuca, eu nem entrava, ele trancou a porta. Contou as bolas, fez tudo certinho鈥, humildade nem um pouco falsa com que o cineasta fala de uma das melhores cenas de 鈥淨uer么鈥.

4. Irrita莽茫o

鈥淥 personagem do A铆lton 茅 um puta neg茫o chato. N贸s pedimos para ele ser irritante. Tinha que ser assim鈥, respondeu Cortez 脿s cr铆ticas de que o ator estaria 鈥渦m tom acima鈥 do resto do longa. E completou afirmando que filmaram 鈥淨uer么鈥 antes da novela 鈥淐obras e lagartos鈥, cujo personagem acentuou o tipo vivido por Gra莽a no filme, de um sujeito folgado e falastr茫o.


D茅bora Ivanov, a produtora

5. Instinto

鈥淓xistia um roteiro caprichadinho, que o Braulio [Mantovani, roteirista de Cidade de Deus] e o Luiz Bolognesi tinham me ajudado a fazer鈥, explica o cineasta. Mas ele n茫o foi passado para ningu茅m, nem para os atores. 鈥淎o contr谩rio disso, queria chegar a um roteiro鈥, conta. Desse script inicial, as filmagens utilizaram a inten莽茫o dram谩tica da cena e contaram com a experi锚ncia de vida de...

6. Atores n茫o-profissionais

Esse intert铆tulo deveria ser Maxwell Nascimento [que interpreta o protagonista-t铆tulo e ganhou o pr锚mio de melhor ator no Festival de Bras铆lia], mas das injusti莽as, a menor. O jovem de 18 anos (ele tinha 16, durante as filmagens), conduz o longa com um olhar de 贸dio e dor, que apesar de alguns tiques, 茅 uma das atua莽玫es mais marcantes do cinema brasileiro recente. A produ莽茫o de 鈥淨uer么鈥 realizou oficinas de atua莽茫o na Baixada Santista para encontrar o elenco do filme e foram delas que sa铆ram Maxwell e os 鈥榓migos鈥 que ele encontra em seu calv谩rio. 鈥淨uando os atores profissionais chegaram, eles tiveram que correr atr谩s porque os meninos j谩 estavam seguros鈥, entrega Cortez. 鈥淓les j谩 tinham encontrado o filme鈥.

7. Baixada Santista

鈥淣茫o sou de Santos, mas D茅bora e eu sempre tivemos uma paix茫o por aquele lugar鈥, confessa o diretor. 鈥淎 dramaturgia do Pl铆nio sempre 茅 muito confinada, mas esse livro, em particular, n茫o鈥, continua. 鈥淧assei oito meses na Baixada, escrevendo o roteiro, caminhando por l谩, conhecendo, sentindo o cheiro鈥. E conclui: 鈥渁quele cheiro, aquela arquitetura, aquele lugar: isso 茅 鈥楺uer么鈥欌.

8. Realidade

鈥淐arlos vem do document谩rio. Ele chegou para a produ莽茫o e disse: 鈥榪uero tudo real. Quero filmar no corti莽o, na rua, no puteiro鈥欌, conta a produtora. De vez em quando, tudo era real at茅 demais. 鈥淧ara o puteiro do Nan谩, s贸 alugamos a fachada e o quartinho. Havia gente morando em cima. Do lado. Do outro. Embaixo. Um dia a gente tava filmando e chegou o cara comemorando o tricampeonato mundial do tricolor: 鈥楽茫o Paul么oooooooooo鈥!鈥. Sem contar o dia em que um representante franc锚s visitou o set para confirmar um apoio financeiro ao filme e viu uma ratazana passando pelo video-assist. 鈥溾橢st谩vamos todos cheios de pose e o cara disse: 鈥樏 realidade mesmo, ein?鈥欌, lembra o cineasta.


Carlos Cortez, o simp谩tico diretor

9. Fidelidade

鈥淯ma das import芒ncias do Pl铆nio 茅 trazer essa linguagem, a fala das ruas para a dramaturgia. A gente, claro, quis preservar isso鈥, afirma Cortez. Am茅m. E que ningu茅m insinue que o filme 鈥榗opia o estilo e a linguagem de Cidade de Deus鈥.

10. Proposta

鈥淨uis criar uma discuss茫o sobre a forma fascista com que esses meninos s茫o tratados. Quando falam sobre eles, 茅 sempre querendo mais Febems, pedindo diminui莽茫o da maioridade para 16 anos, clamando penas mais severas鈥, desabafa Cortez. 鈥淭em gente que assiste ao filme e atravessa na rua quando v锚 um menino desses. Como o Chico Buarque disse, 鈥榚les est茫o virando nossos mu莽ulmanos鈥欌, dispara. 鈥淣茫o tenho ilus玫es de que algo v谩 mudar. Mas tenho que fazer um contraponto a isso鈥.

Extra: Continuidade

Depois do filme, as oficinas de atores continuam na Baixada Santista. 鈥淨ueremos ajudar os meninos a encontrarem o que eles querem fazer, seja abrir um a莽ougue, um campeonato de surf, o que seja鈥, afirma D茅bora. 鈥淧ara isso, usamos a realiza莽茫o de um filme como exemplo para todos esses projetos鈥, explica. Sem ilus玫es, mas j谩 茅 alguma coisa.

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