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O rock inglês na balança

Festival Indie Rock – Circo Voador, Rio de Janeiro, 25 e 26/07/07

por Braulio Lorentz e Rodrigo Ortega
(texto, fotos e vídeos)

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Magic Numbers e The Rakes, atrações principais do Festival Indie Rock, são quartetos ingleses com dois discos lançados. Os pontos em comum param por aí. O som dos gordinhos do Magic Numbers é bem mais encorpado. O Rakes, por sua vez, é franzino até em seu nome, que significa algo como “magrinhosâ€.

Magic Numbers ao vivo, 25/07/07


Michele

Luzes azuis vermelhas verdes amarelas rosas acenderam e piscaram todas juntas, logo que a banda entrou no palco. Os três principais singles foram emendados, assim, de cara. Foi como tirar três jujubas vermelhas na primeira mãozada no pacote. "This is a Song", "Take a Chance", "Forever Lost" e três gordinhos sorrindo feito crianças (o baterista é magro, uma grande farsa). A baixista Michele pulava tanto que era difícil acreditar que as notas saíam tão perfeitas do baixo.

A letra da segunda jujuba, "Take a Chance", fala sobre um cara que tem uma namorada, mas é tentado por outra garota. O refrão ("take a chance / with the who lets you") é a consciência dele cantando, segundo o vocalista Romeo. Ele diz que gosta de ouvir o público fazer a voz da consciência. Deve ter ficado satisfeito nesta noite. As pessoas cantaram junto o refrão, pularam ao som do "baixo Lulu Santos" de "Forever Lost" e, até o fim do show, mantiveram a animação durante as músicas dançantes e a atenção nas baladas.

Os Magic Numbers funcionam no palco como em uma balança. Romeo é o eixo musical, no meio. Do lado direito, Michele ganhou o público logo de cara com sua empolgação. Ela chama tanta atenção quanto Romeo nas partes mais rápidas, como "Long Legs" e “Mornings Elevenâ€. Lá pro fim do show, as pessoas mais próximas aplaudiram o movimento bem sucedido do roadie para encher um copo de vodca e jogar dentro da boca da baixista, que agradeceu sorrindo.


Angela

A multiinstrumentista e vocalista Angela parece um peso-morto no começo, mas logo que abre a boca em "I see you, you see me", a balança vira toda para o lado dela. E passa a alternar entre as duas, dando o equilíbrio que fez o público sair mais leve do Circo Voador. Angela é tão linda quanto tímida, e o fato de ela ter saído correndo de vergonha no final do show dá uma idéia do seu encanto. Em "Undecided", Romeo a chama para o meio do palco. Ela vai com as mãos no bolso e às vezes dá a impressão que vai chorar, de vergonha ou de emoção com a música. Ao fim da canção, ela agradece meio sem jeito. Mas não é preciso ser craque em leitura labial para entender o “Thank Youâ€. E muito menos ser ouvinte de Jovem Pan para gostar da versão de “Crazy in Loveâ€, primeiro hit de Beyoncé.

Magic Numbers - "Crazy in Love"

Magic Numbers - "Forever Lost"

The Rakes ao vivo, 26/07/07


Alan

Todo o peso de dezenas de pessoas pulando em cima do palco no fim do show não é o suficiente para que a balança penda para o lado do Rakes. A farra dos fãs da banda pareceu divertida, mas o rótulo “Franz Ferdinand de pobre†permanece mais forte do que nunca.

O vocalista Alan Donohoe parece ter saído da cabeça de Tim Burton. No filme sobre o Rakes, Johnny Depp mostraria seus polegares de maneira robótica, pelo menos 30 vezes, dando a entender que tudo está OK.

Não estava. A banda é meio fuleira e não se salva nem com seus festejados hits indies "Strasbourg", “Work, work, work (pub, club, sleep)†e "The world was a mess but his hair was perfect". O show só começa a decolar com "22 grand job", outra faixa menos pálida do que as demais e que faz parte da lista de lampejos dos rapazes fraquinhos.


Jamie

O baterista Lasse Petersen parece ter tomado mais Biotônico Fontoura que seus companheiros, e soca com disposição seus tambores e pratos. Em compensação, o baixista Jamie Hornsmith parece ter apenas três dedos em cada mão, tamanha a imperícia com que toca o instrumento.

Perto do fim do show, uma imagem surge na nossa cabeça. Um menino entra numa cabine de um programa de TV. “Você troca esse show do Franz Ferdinand no Circo Voador por um show dos Rakes um ano depois?â€, pergunta o apresentador. “Siiiiiimâ€, responde o menino. Coitado, se tivesse trocado pelo show do Bravery já estaria no lucro.

The Rakes - "22 grand job"

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