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Criado por Edgar Rice Burroughs em 1912, John Carter comemora cem anos de vida ganhando sua adaptação cinematográfica nas mãos do competente Andrew Stanton. Interpretado por Taylor Kitsch (o esquecível Gambit de “X-Men Origens: Wolverine”), John Carter é um coronel do exército da Confederação norte-americana durante a Guerra Civil que abandonou a frente militar após um incidente com sua família. Enquanto fugia dos índios, encontra uma caverna cheia de ouro, além de um ser místico, e acaba sendo teleportado para o planeta Barsoon, também conhecido como Marte!
Como já era esperado, “John Carter” apresenta ótimas sequências de ação, seja em batalhas corpo a corpo ou nave contra nave, com uma trilha sonora consistente que traz a carga emotiva necessária a esse tipo de cena. É divertido? Certamente. Mas poderia ser mais, principalmente com atuações mais convincentes de seus atores principais, que são prejudicados por um roteiro cheio de buracos.
Kitsch, ainda que não seja de forma alguma o pior em cena, não possui o carisma necessário para conquistar o público com seu personagem, que por vezes transita entre o cômico e o dramático, o romântico e o sem coração, mas quase nunca dizendo de verdade a que veio. Sua parceira romântica, Dejah Toris (Lynn Collins, também do esquecível filme solo do Wolverine), passa a maior parte do filme sendo uma bela imagem para se olhar, caso você goste de belas mulheres, mas também não passa muito disso. Os vilões são tão rasos e mal interpretados que só vão ter essa menção de uma frase mesmo.
Mas nem tudo são espinhos na árida Barsoon/Marte. E a salvação vem da forma mais anedótica possível, no ótimo trabalho feito pelos animadores para criar a raça marciana dos Tharks, que respeitam toda a mitologia que temos sobre os marcianos: verdes, quatro braços, olhos enormes e o dobro de altura de um humano comum! Os Tharks e seu intrépido espírito guerreiro certamente são os responsáveis pelas melhores cenas e atuações do filme. Willem Dafoe empresta a voz para o jeddak (líder) dos Tharks, Tars Tarkas, o mais carismático e real personagem do filme, juntamente com Sola (Samantha Moron).
Em sua cidade é onde a história se desenvolve melhor, tendo seguimento a melhor parte do filme, aquela que dá esperança de que “John Carter” será muito melhor do que realmente se apresenta no final. Numa caminhada pelo deserto, em busca do Rio Iss e de uma suposta Deusa, o pequeno grupo formado por Carter, Dejah Toris, Sola e um cão marciano enorme e rápido como o vento, ocorre a apresentação dos conflitos, das forças que fazem aquele grupo seguir em frente em prol de algo. É uma bela sequência que termina com uma das grandes cenas de ação do filme. Uma pena que o restante da produção não siga este tom, voltando logo às tradicionais motivações deste tipo de aventura através de um roteiro simplista e, é preciso dizer, medíocre.
Mas colocando tudo na balança, “John Carter” é sim uma boa diversão de fim de semana, suficiente para deixar os mais curiosos com vontade de ler o material original e descobrir mais sobre o fascinante planeta de Barsoom e do universo criado por Burroughs (que aparece no filme!). Ah, a versão 3D pouco colabora na imersão do público. Economize e assista em 2D!