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Política é como um restaurante fino. Se você visse a cozinha… “Tudo pelo Poder” é uma história sobre a cozinha de uma campanha política. Ryan Gosling interpreta Stephen Meyers, um consultor de campanha para o candidato democrata Mike Morris (George Clooney). Ele é o braço direito de Paul Zara (Philip Seymour Hoffman), enquanto o candidato da oposição, Pullman (Michael Mantell), tem Tom Duffy (Paul Giamatti) como cérebro. O filme se passa entre os debates primários de Ohio até as prévias, que definem o candidato democrata que disputará as eleições para presidente.
O título pode dar a entender que não há qualquer escrúpulo nos personagens, mas na verdade nada é preto no branco. Existem limites que os personagens principais se recusam a cruzar e isso torna a corrupção muito mais interessante do ponto de vista narrativo. Morris é o candidato ideal. É contra o extremismo religioso, as guerras no Oriente Médio por conta de petróleo e a pena de morte. Para reforçar a ideia de bom moço botaram o mesmo design e linguagem de campanha utilizado por Obama. Ele está diposto a ganhar, mas não a ponto de dar o cargo de Secretaria do Estado a um parceiro político para ganhar votos, ainda que isso signifique a eleição.
Stephen lança notícias falsas sobre a oposição para a imprensa, só para ver se cola, manipula estatísticas e sugere propostas políticas com o mero intuito de conquistar opinião pública, ao mesmo tempo em que acredita firmemente (como nós, do outro lado da tela) que seu candidato seja “o cara”. Ele acredita tanto no “cara”, que chega a afirmar não se importar se o candidato não vencer, e sim com o fato de Morris ser o único que fará diferença na vida das pessoas. Paul valoriza lealdade acima de tudo, mas manipula seu contato com a imprensa (interpretado por Marisa Tomei) para reverter situações ruins, ainda que isso signifique a carreira de um colega de trabalho.
Existe uma integridade em jogo o tempo todo, o que torna as situações imprevisíveis. Em uma das cenas, o personagem de Giamatti fala para o de Gosling: “Estou nesse negócio há 25 anos e me cansei de ver democratas morrerem na praia por não quererem entrar na lama como os malditos elefantes (mascotes que representam os republicanos).” Tudo pelo Poder tem elenco e diálogos afiados e um roteiro que traz a questão sobre meios e fins de maneira menos óbvia (portanto, mais interessante) do que outros que abordam o mesmo tema. O grande trunfo da história é apresentar essa bela fachada composta pelas virtudes dos personagens e mostrá-los dançando sobre a linha moral que eles mesmos definiram.
Nota: O filme tem direção e roteiro adaptado por Clooney da aclamada peça Farragut North, de Beau Willimon, que por sua vez é inspirada na campanha de Howard Dean. Em sua campanha (2004), Dean perdeu para John Kerry, mas foi considerado um pioneiro e suas propostas políticas serviram de base para a candidatura de Barack Obama em 2008.
2 respostas para “Tudo Pelo Poder”
e os melhores do ano, cade?
Tá saindo! Até lá, fique com os melhores álbuns: http://www.pilulapop.com.br/2011/12/uma-lista-para-o-fim-do-mundo/