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Você já terminou um namoro? Já deu ou levou um pé na bunda? Se você não sabe como é a sensação, Adele te ensina ao longo das 11 faixas de “21”, seu segundo álbum.
A voz forte e rasgada da cantora ainda é o principal recheio da receita. Porém, as letras dramáticas, sofridas, rancorosas e magoadas são a cereja do bolo. O instrumental é econômico na maioria das canções e isso deixa mais espaço para o vozeirão de Adele. Mas atenção: econômico não quer dizer que os arranjos sejam ruins. Pelo contrário, tudo se complementa para criar a atmosfera do disco.
As canções, escritas pela própria inglesa em parceria com o produtor Paul Epworth (com exceção da cover de “Lovesong” do The Cure), podem ser classificadas por fases de um pé na bunda.
A fase 1 é a mágoa. O relacionamento acabou e você quer mostrar o quanto é bom e tudo que o outro perdeu. Nesse clima temos “Rolling in the deep”, o primeiro single, e “Set fire to the rain”, duas canções de arranjos raivosos e interpretação dramática.
A fase 2 começa quando o caminhão de mudança vai buscar as coisas no apartamento. É a hora de escorrer pela parede. “Don’t you remember” e “He won’t go” abordam o desespero de alguém que sabe que acabou, mas prefere acreditar numa (im)possibilidade. A segunda, pelo menos, o faz disfarçada com um delicioso arranjo de metais.
Fase 3: Vingança. Numa interpretação debochada, apoiada por um irresistível coro de palmas, a cantora conta que “andam falando por aí” que a vagabunda substituta não ama mais o seu ex. “Rumor has it” transborda acidez.
Fase 4: O balanço final. O casal se reencontra pra fazer uma avaliação. Um dos lados espera por uma recaída. O encontro acontece, mas as expectativas são frustradas. “I’ll be waiting” e “One and Only” falam disso. Ainda nessa fase, uma roupagem totalmente melancólica para uma bela canção dos anos 80: “Lovesong”, do The Cure, torna-se sombria, triste e sofrida. O fundo do poço é finalmente atingido em “Take it all”.
A última fase demora um pouco a chegar: a resignação. “Someone like you” fala sobre o fim, o casamento do ex com outra e os melhores desejos ao novo casal. Mas nós sabemos que uma mulher magoada de 21 anos não consegue desejar isso sinceramente. Alanis Morissette, há mais de 15 anos chorando as mesmas pitangas, que o diga.
10 respostas para “Adele – 21”
Caralho, escrevi uma resenha quase idêntica, já aviso de uma vez pra não acusarem de plágio! Mas esse CD é de peso mesmo, ele e Decemberists tão aí liderando 2011
Adorei o post! Mas mais que ele: amei o disco! Essa menina é sensacional, uma voz incrível! Eu já adorava o 19 e estava com grande expectativa em torno do 21!
Fico feliz de ver que ela foi superada!
Beijos
que bela resenha! CURTI
massa! 🙂
Eu não gosto de escutar álbuns desse estilo não… medo de ficar chorando 10 dias seguidos, heheheheh
Pablo, adorei a resenha (que bom te ver escrevendo aqui de novo!). Eu adoro a Adele, tem vozeirão e sabe dar esse tom drmático né. Eu ouvia muito o primeiro disco dela quando morava no UK. Ainda não ouvi esse.
Gostei da resenha. Uma narratividade simples e envolvente.. vou compartilhar
“He won’t go” nada tem a ver com rompimentos. Ela escreveu essa música pra um amigo viciado em cocaína.
Isso aí professor Pablo… muito bom seu texto. Até eu que não me interesse por esse estilo de música fiquei atentada em ouvir este cd.
um abraço
Isso aí professor Pablo… muito bom seu texto. Até eu que não me interesso por esse estilo de música fiquei atentada em ouvir este cd.
um abraço