O Mordomo da Casa Branca


Nossa avaliação
Lee Daniels’ The Butler (2013)
Lee Daniels' The Butler poster Direção: Lee Daniels
Elenco: Forest Whitaker, David Banner, Michael Rainey Jr., LaJessie Smith


Lee Daniels não é nada sutil. Seu melodrama funcionou bem em “Preciosa”, um conto de fadas às avessas em que o exagero era bem vindo para a história de angustia e monstruosidade que ele queria contar. Mas o estilo já havia demonstrados seus limites em “Obsessão” e agora acaba por vezes derrapando em “O Mordomo da Casa Branca”.

Baseado em uma reportagem de jornal, o filme se inspira na história real de um mordomo negro que serviu os presidentes dos Estados Unidos entre os anos 50 e 80. Cecil (Whitaker) surge como um Forrest Gump de Washington, acompanhando os principais fatos políticos do país, especialmente em relação aos direitos civis dos negros. Para mostrar o outro lado da história, aquele que se deu fora dos muros da residência presidencial, o roteiro coloca o filho do mordomo como um jovem revolucionário, atuando ao lado de Martin Luther King, Malcom X e com os Panteras Negras. Tudo parece forçado demais, mas pelo menos cumpre o papel de mostrar como a segregação racial era uma ferida ignorada por uma nação que prezava o discurso da liberdade.

Há então algum equilíbrio entre o negro pai que serve aos brancos e o filho que luta pela igualdade, mas é tudo jogado demais na cara, apostando ainda em coincidências de acontecimentos em uma mesma data (para enxugar a história) que deixam a coisa toda mais forçada do que já parece. O elenco de estrelas por vezes chama mais atenção para si do que para os personagens, mas ninguém compromete (apesar do Kennedy de James Marsden parecer jovem demais). O destaque fica mesmo para Forrest Whitaker, que atravessa as várias décadas de vidas de Cecil de forma convincente.

“O Mordomo da Casa Branca” tem tudo que o Oscar gosta: defesa de direitos civis, astros, história americana e os irmãos Weinstein. Mas em seu propósito de ser uma antologia dos negros dos Estados Unidos no século XX a narrativa acaba cansando demais pela estrutura que lembra capítulos de livros de História. A intenção, é claro, era fechar a saga de servidão e luta com a eleição de Barack Obama. Acontece que as recentes rachaduras na imagem do presidente tiram um pouco da graça do desfecho poderoso que se pretendia. Apesar do tema importante, da trilha sonora deliciosa e da boa reconstituição de época, o filme se perde na mão pesada de Daniels e no roteiro que não sabe muito bem o que quer contar. E aula de História que te faz ficar pensando em quanto falta para acabar não é das mais legais, certo?


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