2 Guns (2013) | |
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Direção: Baltasar Kormákur Elenco: Denzel Washington, Mark Wahlberg, Paula Patton, Edward James Olmos |
Deve ser difícil para o estúdio vender “Dose Dupla”. O filme é baseado em uma história em quadrinhos, mas passa longe dos super-heróis fantasiados. Já o aspecto mais interessante da aventura é uma virada na trama que perde a graça se for contada antes. E os heróis são vilões, ou os vilões são heróis, quer dizer…
Esta divertida história policial consegue fazer um amálgama de filme de roubo com dupla antagônica a la “Máquina Mortífera” e vingança mexicana. Há na câmera do diretor Baltasar Kormákur um quê de faroeste que se mistura muito bem com violência urbana. Robert Trench (Washington) e Michael Stigman (Wahlberg) formam uma dupla que resolve assaltar simplesmente um poderoso chefão do tráfico de drogas. O ato vai trazer grandes revelações e contar mais seria estragar algumas das melhores surpresas de “Dose Dupla”.
Basta dizer que há química na interação WW (Wahlberg-Washington), a tensão é bem construída e o ritmo é empolgante, com o roteiro equilibrando bom humor com sadismo de forma eficiente. Mas falta ao diretor um pulso mais forte nas cenas de ação e o terço final não é apenas previsível, mas decepcionante em relação ao que vinha sendo mostrado até então.
“Dose Dupla” é difícil de definir. É uma bobagem bem feita com qualidades para virar franquia. Ancorado quase que totalmente no carisma de sua dupla principal, é um filme de ação dos anos 80 com pegada pós-moderna de narrativa picotada, personagens verborrágicos e piscadela para o público contemporâneo: dos policiais à CIA, passando pela marinha e banqueiros, não sobra para ninguém. Em tempos de descrença econômica, política e social nos Estados Unidos, é sempre bom quando uma produção coloca o dedo (bem de leve, é verdade) na ferida. Mesmo que seja uma grande bobagem.