Somos Tão Jovens (2013) | |
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Direção: Antonio Carlos da Fontoura Elenco: Thiago Mendonça, Laila Zaid, Bruno Torres, Daniel Passi |
“Somos Tão Jovens” é um filme coxinha sobre um personagem punk. A cinebiografia de Renato Russo evita polêmicas e aproveita o recorte temporal para se concentrar no drama juvenil a la “Malhação”. Assim como “2 Filhos de Francisco” o filme termina às vésperas do sucesso, em uma opção acertada que condiz bem com o título da obra. O problema é que a escolha por focar em um determinado período de tempo deveria se justificar pelo melhor desenvolvimento do personagem evitando a narrativa episódica. Mas não é isso que acontece.
A história começa com aquilo que se convencionou ser o início da lenda Renato Russo: a epifisiólise que o deixaria seis meses em cama, obrigando a viver praticamente por música e livros. O momento pós-recuperação do cantor tenta apresentar rapidamente seus amigos em Brasília ao mesmo tempo em que delineia o futuro surgimento da Legião Urbana. E aí “Somos Tão Jovens” não consegue se decidir sobre que história quer contar: vai ser a complexa personalidade de Renato? Ou seu relacionamento com a amiga Ana Claúdia? Quem sabe a formação da Legião? A resposta é tudo junto e ao mesmo tempo, e o resultado é que nada é muito bem aprofundado.
O filme se perde em apenas apontar as coisas, mas nunca ir além. Possui uma estrutura que lembra um museu virtual, em que somos convidados a visitar a juventude de Renato Russo de forma apressada, com um guia que corre contra o tempo enquanto narra de forma acelerada “aqui foi quando Renato conheceu Herbert Vianna”, “aqui ele montou sua primeira banda”, “aqui a Legião fez seu primeiro show”.
Então é tudo simples demais, esquemático, feito para quem já gosta do personagem principal. O ponto positivo é que as músicas (captadas em locação com os atores realmente cantando e tocando os instrumentos) são muito bem usadas, e a interpretação de Thiago Mendonça é sensacional, conseguindo trazer veracidade para uma pessoa que parecia viver atuando o tempo todo. Entretanto o roteiro peca por trazer Renato como um messias desde o início, cheio de frases de peso, como se tudo que ele falasse fosse algo inteligente que merecesse atenção e reverência.
Além disso, a extrema simplificação dos personagens faz com que alguns sumam e reapareçam sem muita explicação, e se não se tratassem de figuras conhecidas do público como Dado, Dinho ou Herbert a história ficaria bastante confusa, o que acontece com Ana Claúdia. Ela é praticamente o McGuffin do filme, mal desenvolvida e com função importante no final. E aí fica tudo meio solto, com o espectador juntando as peças pelo seu conhecimento prévio e sua afetividade com os personagens.
O diretor Antônio Carlos Fontoura usa formatos de filmes diferentes sem motivo e entrega um produto esteticamente eficiente, mas de baixo impacto dramático. “Somos Tão Jovens” é o tipo de produção que vai agradar todo mundo. Mas a emoção que se sente ao longo da projeção tem mais a ver com a arte de Renato Russo do que com seus méritos cinematográficos.
2 respostas para “Somos Tão Jovens”
estou “passeando” entre várias análises do filme (que vou ver daqui a pouco). Achei a sua, embora convergindo com tudo que já li, a mais interessante e clara até aqui. Passarei pelo site mais vezes!
Abraços.
[…] da narrativa e apresenta um panorama da Brasília da época mais complexo do que aquele visto em “Somos Tão Jovens”. Mas seu maior problema acaba sendo, ironicamente, a canção que o inspirou: é provável […]