HQs da Semana: 13 de março


Revolução é a palavra de ordem da semana no mundo dos quadrinhos, com três ótimos destaques que abordam o conceito, cada um a seu modo.

“Uncanny X-Men #3” é a melhor edição de Brian Bendis como roteirista de uma “revista-X”, e chega bem a tempo de tranquilizar os fãs que temiam um tratamento para a franquia mutante semelhante ao dado aos Vingadores, que em metade das edições do roteirista só ficavam batendo papo ao redor de uma mesa. Ok, a edição de “Uncanny” também é quase que só papo, mas a conversa ocorre em uma situação de tensão: os Vingadores querem acabar com a “revolução mutante” de Scott Summers, e trouxeram um Hulk para o trabalho. Também vale notar que a discussão é recheada de algumas das melhores falas já escritas por Bendis (“querida, tem um maldito Hulk aqui. Que diferença faz entrar na casa?”). E a cereja do bolo é a caracterização: Bendis finalmente acerta as “vozes” dos personagens, e começa a desenvolver personalidades distintas para os novos membros da equipe.

Uma “revolução” tecnológica é a premissa de “Nowhere Men”, que chega essa semana ao seu número quatro. O título da Image Comics é ambientado em uma realidade paralela, onde a vida foi profundamente influenciada pelas invenções da World Corp, uma corporação fundada por quatro cientistas famosos nos anos setenta. São duas estórias em uma: de um lado acompanhamos a conturbada estória do quarteto de gênios descrito como os “Beatles da Ciência”, e de outro seguimos a luta pela sobrevivência da tripulação da estação espacial “Nowhere”, presa no “fogo-cruzado” entre seus chefes e vítima de um experimento genético que está aos poucos transformando-os em seres sobre-humanos. “Nowhere Men” é o que seria um filme do Quarteto Fantástico se fosse dirigido por Ridley Scott e David Cronenberg, embalado em uma edição especial de blu-ray cheia de “extras”. A qualidade dos apêndices e a riqueza do universo descrito neles tornam inevitáveis as comparações com Watchmen. Ainda é cedo pra saber se o título fará jus a elas, mas por enquanto não parecem absurdas.

Já a terceira “revolução” da semana não é temática. Trata-se de uma experiência com um novo modelo de distribuição por parte do roteirista Brian K. Vaughan (de “Saga”, “Y – O Último Homem”) e do desenhista Marcos Martin (das melhores edições dos últimos anos de “Daredevil” e “Amazing Spider-Man”), nos moldes do álbum “In Rainbows”, do Radiohead. Você entra no site http://panelsyndicate.com/, escolhe quanto quer pagar pela revista, e faz o download de “The Private Eye #1”. É irônico que a revista que inaugura esse sistema de distribuição online seja justamente uma história sci-fi sobre um futuro onde ninguém mais usa a internet. Depois do estouro da “nuvem”, quando informações pessoais de milhões de pessoas foram acidentalmente tornadas públicas, a sociedade abandonou as redes sociais e todos se tornaram paranoicos a respeito da própria privacidade, não saindo de casa sem um “nym”, um disfarce holográfico. Agora, em um cenário que está para “O Sexto Sentido” como este estava para “Blade Runner”, a imprensa é a principal autoridade e o anti-herói da vez é um detetive particular não-licenciado com um casaco estiloso e muito bom no parkour. Se você lê inglês ou espanhol, não tem desculpa para perder “The Private Eye”, já que pode escolher o preço e até fazer o download de graça.


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