Warm Bodies (2013) | |
---|---|
Direção: Jonathan Levine Elenco: Nicholas Hoult, Teresa Palmer, Analeigh Tipton, Rob Corddry |
Por trás de toda a pegada moderninha, “Meu Namorado é um Zumbi” traz em seu romance (e crítica social típica de filmes de zumbis) o mesmo discurso conservador hollywoodiano de sempre. É aquela velha história de amor em que pessoas diferentes só podem ficar juntas se uma delas “entrar” para o grupo da outra. É basicamente uma versão de “A Bela e a Fera” com cérebros devorados.
Bebendo obviamente nas fontes de George A. Romero, o filme (inspirado no livro “Sangue Quente” de Isaac Marion) propõe uma nova mitologia para zumbis a la o que “Crepúsculo” fez com vampiros e lobisomens. A diferença é que aqui as coisas acontecem sem muita enrolação e trama consegue ser interessante, além de contar com um diretor que, apesar de não estar em sua melhor forma (“50%” é infinitamente melhor) sabe o que faz. Trazendo Nicholas Hoult como o namorado do título, o filme apresenta seus zumbis vagando em um aeroporto abandonado, em uma nada sutil crítica à sociedade atual (escutar vinil ao invés da “frieza” do digital é outra). Apesar de comerem pessoas, entretanto, eles são até bonzinhos comparado aos esqueletos ambulantes, estes sim seres destituídos de qualquer humanidade.
Apostando no romance juvenil, o filme acompanha a paixão de R (Hoult) por uma menina que, por coincidência, é filha do líder dos humanos (Malkovich pagando mais contas) neste futuro pós-apocalíptico. Não é spoiler adiantar que o sogro não vai gostar muito dessa história e enquanto luta por sobrevivência, a bela Julie (Palmer, quase uma Kristen Stewart) vai lutar também por um amor impossível.
Claro que dentro da proposta o zumbi de Hoult não pode ser monstruoso, e dessa forma a maquiagem é generosa para manter os traços do ator (além de ir desaparecendo aos poucos ao longo do filme). E se uma hora ele anda lento demais, em outro momento corre sem maiores explicações, sendo este apenas um dos problemas da história em estabelecer regras claras a respeito de sua mitologia. Nada é muito bem explicado e é preciso parar de questionar o que se vê na tela para conseguir aproveitar os bons momentos desta aventura tipicamente adolescente que mistura “Frankenstein” com “King Kong”.
Sem o terror de um “Madrugada dos Mortos” e também sem aquela graça de “Zumbilândia”, “Meu Namorado é um Zumbi” fica no meio do caminho, apesar de acertar ao nunca se levar a sério. O uso de músicas bacanas ajuda no processo de fazer desta produção uma experiência bobinha, mas bastante simpática. E já que estamos falando em ressurgir dos mortos, nada mais apropriado do que tocar Guns n’ Roses na trilha sonora. Just a little patience é tudo o que o filme está te pedindo.