Pilulista HQs do ano: 2012


Mais um ano se passou, e de novo fazemos o nosso já tradicional balanço do que rolou de melhor no mundo dos quadrinhos americanos. Mas como ninguém nunca lê esse parágrafo introdutório, pulemos direto para a lista:

#10 – Amazing Spider-Man

Se tem algo que podemos elogiar no título principal do aracnídeo é a sua consistência, com edições quinzenais de boas estórias durante o ano todo. E essa consistência se reflete aqui no nosso ranking, com o título repetindo a décima colocação do ano passado. Em 2012, Dan Slott deu sequência aos seus planos para o Homem-Aranha encerrando a boa fase da vida de Peter Parker no número 700, onde termina, também, a vida do personagem. E de modo bastante polêmico, diga-se de passagem. Enquanto há muitos fãs dando chiliques a respeito da mudança proposta por Slott e da identidade do “novo” Homem-Aranha, aqueles que vêm acompanhando as boas estórias dos últimos anos dão ao autor o benefício da dúvida e aguardam pacientemente a estreia da nova revista em 2013.

#09 – AvX: Consequences

A saga em doze partes “Avengers Versus X-Men” foi provavelmente uma das piores coisas publicadas pela Marvel em 2012, trazendo uma trama esdrúxula cheia de buracos e personagens agindo de maneira inexplicável. Pois bem, na minissérie que era basicamente o “pós-jogo” do combate entre as equipes, o roteirista Kieron Gillen se dedicou justamente à tarefa ingrata de explicar as motivações dos heróis. Gillen cumpre a tarefa de modo não apenas convincente, como também comovente, e o único problema em relação à mini é que os demais escribas da editora preferiram ignorar as soluções elegantes propostas pelo autor, continuando a retratar os personagens como idiotas sem personalidade.

#08 – Saucer Country

Paul Cornell é um dos roteiristas de quadrinhos mais promissores dos últimos anos, mas que teve poucas oportunidades para se revelar na indústria e acabou não se saindo muito bem nela. Mas em “Saucer Country”, seu título autoral publicado no selo Vertigo da DC Comics, ele começa a mostrar a que veio. A revista mistura “Arquivo X” com “The West Wing” e mostra a estória de Arcadia Alvarado, primeira mulher hispânica candidata à presidência dos EUA e que, pouco antes de anunciar sua candidatura, é abduzida por alienígenas. O legal do título é que a intriga política se mistura com a conspiração extraterrestre, e não dá nem pra saber se os E.T.s são mesmo reais, já que só temos informações de fontes pouco confiáveis como as sessões de hipnose da protagonista e os ufólogos malucos.

#07 – Fables

A revista das “Fábulas no Exílio” tem seu lugar garantido no nosso ranking, mas este ano aparece um pouco abaixo da posição merecida por ter desperdiçado muito tempo com estórias que só serviam para encher linguiça e dar ao desenhista Mark Buckingham tempo para descansar. Entretanto, sempre que Buckingham trabalhava e o foco voltava para o “núcleo” principal do elenco, “Fables” era de dar lágrimas nos olhos. E haja lágrimas, porque 2012 foi o ano dos filhotinhos de Bigby Lobo, e as aventuras da pequena alcateia ficaram cada vez mais sombrias e tristes.

#06 – Daredevil

O primeiro lugar do ranking de 2011 continua entre as melhores HQs do ano de 2012 por ter mantido a qualidade. Mas caiu um pouco nas posições, pois apesar do autor veterano Mark Waid continuar a fazer sua fórmula funcionar muito bem, por outro lado ele não inovou e continuou a explorar os mesmos aspectos do herói sem medo: seus supersentidos e sua prática da advocacia. Mas foram bem legais as situações em que Waid colocou o Demolidor este ano, fazendo o herói enfrentar ameaças do nível do Quarteto Fantástico, ao invés dos ninjas e mafiosos de sempre.

#05 – Prophet

“Prophet” era um título do selo “Extreme” da editora Image, formado basicamente por personagens criados por Rob Liefeld. Quem conhece o nome de Liefeld sabe que criatividade ou talento não são o seu forte, e o herói John Prophet era outra prova disso. Sua origem era praticamente a mesma do Capitão América, e o visual era quase indistinguível do de outro personagem criado por Liefeld, o mutante Shatterstar. Mas em 2012, o título que havia durado 20 edições na década de 1990 foi “ressuscitado” na edição 21, com o protagonista irreconhecível. Despertando 10 mil anos no futuro, o “novo” John Prophet está mais para um tipo de Conan sci-fi, vagando por um cenário surrealista que parece saído da mente e do lápis do falecido Moebius. Bem bacana.

#04 – Chew

Outra revista Image de destaque é o sempre ótimo “Chew”,que narra as aventuras do agente secreto gastronômico Tony Chu. Mas 2012 foi o ano da sua irmã gêmea, a simpática Toni Chu, assumir o papel principal no arco “Space Cakes”. Com sua habilidade de obter “clarões precognitivos” a partir da comida que ingere, e seu desconcertante hábito de morder pessoas, Toni deu aos criadores John Layman e Rob Guillory a oportunidade de fazer aquilo que fazem melhor: brincar de modo bem humorado com a linearidade da narrativa. Foi um ano ao mesmo tempo divertido e sombrio para Chew, encerrado com uma reviravolta que só pode ser descrita como um “soco no estômago” do leitor.

#03 – Batman

A DC Comics garante uma boa colocação com a revista principal do Homem-Morcego, que só não apareceu por aqui porque demorou um pouco a decolar. Mesmo assim, o Morcego voou bem alto em 2012, com as ótimas sagas “Court of Owls” e “Death of the Family”. Esta última traz de volta o Coringa, de um modo que remete à performance de Heath Ledger no cinema, mas consegue ser ainda mais ameaçador. O roteirista Scott Snyder vem fazendo um trabalho tão bom com o maior detetive do mundo que já está cotado para comandar também uma nova revista do Superman, prevista para ser lançada junto com o novo filme do Homem de Aço.

#02 – Saga

O ótimo roteirista Brian K. Vaughan (de “Y – O Último Homem”) retornou em 2012 aos quadrinhos autorais com “Saga”, uma estória de amor que combina ficção científica e fantasia, ambientada em um universo que parece o filho bastardo da galáxia de “Star Wars” com a Terra Média de “O Senhor dos Anéis”. Mas o legal a respeito de “Saga” é que, ao contrário de suas “inspirações”, não há nada de puritano ou antisséptico no seu universo: personagens têm desejos eróticos, falam palavrões e mostram sua genitália. Só que nada disso é feito gratuitamente, e contribui para dar a impressão de que os personagens são pessoas de verdade vivendo em um mundo completamente pirado.

#01 – Hawkeye

Se me dissessem em 2011 que o topo do ranking do ano seguinte seria conquistado pela revista solo do Gavião Arqueiro, o membro menos interessante dos Vingadores, eu provavelmente daria risada. Mas a dupla criativa formada por Matt Fraction e David Aja – os mesmos que deram uma revitalizada no Punho de Ferro há alguns anos – conseguiu um milagre: fazer do genérico Clint Barton um personagem envolvente. Clint é um cara normal, se comparado a excêntricos como Tony Stark ou a criaturas míticas como Thor. O que dá um certo charme às suas aventuras é o fato de que são narradas a partir da sua própria perspectiva irreverente, com alguns truques narrativos espertos, como a peculiar “tarja” usada para esconder a nudez do herói na edição #3. “Hawkeye” é como uma estória de James Bond, na qual o agente secreto é um cara qualquer, que não leva nada muito a sério e nem entende muito bem o que está acontecendo, mas que sempre tem boas intenções.


4 respostas para “Pilulista HQs do ano: 2012”

  1. Ricardo, infelizmente neste ano não tivemos as outras pilulistas…
    Mas essa seria minha lista dos filmes de 2012 (lançados nos cinemas brasileiros):
    1- Holy Motors
    2- O Artista
    3- Drive
    4- A Invenção de Hugo Cabret
    5- As Aventuras de Pi
    6- Batman – O Cavaleiro das Trevas Ressurge
    7- Os Vingadores
    8- Argo
    9- 007 – Operação Skyfall
    10- Moonrise Kingdom

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