[xrr rating=3.5/5]
A ideia de uma terra sem lei não é estranha ao diretor John Hillcoat. Seja em “A Proposta”, “A Estrada” ou este “Os Infratores”, os homens estão acima da lei, criando suas próprias regras de acordo com o ambiente. A realidade presente possui, em seus filmes, um peso que obriga aos personagens tomarem atitudes imorais para suportá-lo. No caso desta nova obra, os Estados Unidos da Lei Seca dos anos 30 dominado pelos gangsteres.
Baseado em fatos reais, o filme conta a história dos três irmãos Jack (LaBeouf), Forrest (Hardy) e Howard (Clarke) Bondurant que destilavam uísque e vendiam bebidas ilegalmente no estado da Virgínia. Ao se concentrar em uma região rural, “Os Infratores” foge da ambientação urbana deste tipo de história e oferece um novo olhar para grupos menores de foras da lei afastados dos grandes centros. Desta forma, o filme ganha uma roupagem de faroeste, com bandidos heróis (Tom Hardy apresenta uma caracterização de poucas palavras que lembra bastante John Wayne) e vilões asquerosos (repare como o personagem de Pearce aparece sempre acompanhado pelo zunido de uma mosca, reforçando seu caráter de constante incômodo para os irmãos).
Neste bang bang moderno, a violência explode como razão e solução de todos os problemas, sendo colocada como o eixo comum do tripé governo-crime-religião que se apresenta como fundante da sociedade. O vermelho que aparece sempre compondo algum cenário ou figurino (especialmente nas roupas da personagem de Chastain, que não consegue escapar da vida violenta) é como o sangue que respinga por todos os lados, manchando a vida daquelas pessoas.
Esta violência é, assim como no oeste selvagem, a forma de se torna uma lenda viva, algo que Jack acredita estar se transformando (e LaBeouf, como sempre, faz muito bem o papel do jovem chato). Todos os irmãos Bondurant, por sinal, acreditam na própria lenda, assumindo-se como maiores que a própria vida. Neste sentido, “Os Infratores” glamuriza os gangsteres apenas para em seguida desfazer o mito, mostrando que a realidade é, obviamente, mais dura do que se imagina. Mas apesar de boas cenas de ação e uma tensão constante, o filme possui personagens demais que não são bem aproveitados, especialmente o gangster vivido por Gary Oldman. Isso torna tudo um pouco arrastado, mas não impede que a lenda dos Bondurant se construa acima da lei, da vida e até da morte.