Dunkirk (2017) | |
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Direção: Christopher Nolan Elenco: Fionn Whitehead, Damien Bonnard, Aneurin Barnard, Lee Armstrong |
“Dunkirk” é uma visita ao inferno. A história real de soldados ingleses e franceses que foram encurralados pelos alemães em uma praia durante a Segunda Guerra Mundial já havia rendido um assustador plano sequência em “Desejo e Reparação” e agora ganha quase duas horas de muita angústia pelas mãos de Christopher Nolan.
Acompanhando três histórias paralelas o filme tenta nos colocar na pele de soldados tentando desesperadamente sair do lugar a navio, de pilotos tentando garantir a segurança desta retirada e de três civis em um barco tentando ajudar o exército. A forma como a montagem pula de uma história para a outra sempre nos momentos de maior tensão é eficaz na maior parte do tempo, mas o filme começa a perder força ao final, logo quando devia explodir o clímax construído ao longo da narrativa.
O problema é que na tentativa de comprovar o desespero da situação e ao mesmo tempo nos permitir a identificação com alguns personagens, “Dunkirk” acaba se tornando com o tempo uma espécie de “Duro de Matar” na guerra, em que o fato de seguirmos os mesmos personagens passando pelas mais aterradoras situações – somado à ausência de sangue ou alguma violência mais gráfica – começa a anestesiar o espectador. Além disso, a montagem pelas três linhas paralelas por vezes se torna confusa na dinâmica espacial e temporal da história, quebrando em alguns momentos a imersão para nos questionarmos em relação a o que está acontecendo, onde e quando. Não que isso faça de “Dunkirk” mediano ou ruim. O filme é um esforço técnico fantástico que entrega uma das melhores obras de seu diretor.
Contando com um primeiro ato que beira a perfeição, “Dunkirk” nos coloca em uma situação que parece sem saída, apostando muito mais nas imagens e som ambiente do que nos diálogos para explicar a situação. O problema é quando Nolan apela para sua já característica didática e coloca alguns personagens (como os vividos por Kenneth Branagh e James D’Arcy) para explicar uma situação que deveria ganhar força dramática exatamente pelo caos reinante. Não precisava. “Dunkirk” fala com suas imagens, com seus bons atores e com uma edição de som primorosa. Nolan tenta fazer um “O Resgate do Soldado Ryan” todo passado naquela sequência inicial do dia D. Não consegue, mas o resultado não deixa de ser arrebatador por causa disso.