Passageiros


Nossa avaliação
Passengers (2016)
Passengers poster Direção: Morten Tyldum
Elenco: Jennifer Lawrence, Chris Pratt, Michael Sheen, Laurence Fishburne


Desde Aristóteles, a narrativa ficcional é tradicionalmente conhecida por conter três atos bem definidos. “Passageiros” segue a tradição, mas parece não ter levado em conta que os atos precisam ter coerência entre si. Começando como um filme que parece querer usar a ficção científica para quase entrar em uma discussão filosófica sobre a solidão humana, a obra evolui para um romance com cara de tv e em seguida se entrega a um filme de ação e catástrofe espacial. Três atos. Cada um deles um filme diferente.

“Passageiros” tem jeito de típico “filme de produtor” , e isso colocado de forma negativa. Sua premissa interessante – uma falha em uma nave que transportava centenas de humanos em hibernação faz com que um homem seja acordado décadas antes do previsto, condenado a passar o resto da vida sozinho naquela nave enquanto todos dormem – parece ter sido deformada para se tornar veículo para os astros Chris Pratt e Jennifer Lawrence. Então a versão “Náufrago” ou “Perdido em Marte” do primeiro ato é tão amaciada pelo jeito malandro do ator/personagem que nunca realmente nos importamos por ele estar naquela situação. Pelo contrário, suas escolhas ao longo da história vão criando uma antipatia que beira o relacionamento abusivo quando o romance se desenvolve.

J-Law tenta carregar o filme sozinha, mas não consegue.

Os efeitos especiais impressionam e a cena da piscina em gravidade zero, tão explorada nos trailers, é o que de melhor “Passageiros” tem a oferecer. Achando que poderia depender exclusivamente do carisma de seus astros, o filme é cansativo e por vezes sem sentido, apostando na pirotecnia final para disfarçar um roteiro que não sabe para onde ir. O diretor Morten Tyldum faz três filmes em um só, e nenhum deles é bom.

Sem permitir um envolvimento emocional satisfatório com seus personagens e sem se preocupar em tornar crível os problemas enfrentados por estes, “Passageiros” é daquelas viagens chatas que só se salvam graças a uma o outra fala espirituosa do seu companheiro de jornada. O problema é que nesse caso nem Pratt nem Lawrence conseguem tornar as coisas mais agradáveis.


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