Vingadores: Era de Ultron


Nossa avaliação

[xrr rating=3.5/5]

Nos créditos do primeiro “Vingadores” os personagens eram representados por seus objetos: o martelo do Thor, o escudo do Capitão, e por aí vai. Em “Era de Ultron” eles aparecem como estátuas de mármore. Esta diferença nos créditos revela muito sobre os dois filmes: de ícones em ação (a definição pelo objeto de trabalho) a deuses (o mármore da Grécia clássica). Ou da diversão leve para a ambição pretensiosa.

A verdade é que o primeiro filme era um acontecimento por reunir personagens apresentados em filmes diferentes e consolidar um universo cinematográfico coeso com seus mais de um bilhão em caixa. A fórmula não só deu certo como serviu para outros estúdios correrem atrás da mina de ouro em busca de suas próprias franquias em mundos comuns. De repente, “Os Vingadores” era o exemplo de business a se seguir, e seus personagens de quadrinhos com gosto de juventude foram obrigados a amadurecer em nome dos negócios e a suportar nas costas a responsabilidade de uma marca lucrativa. E é este peso de mármore que é sentido por todo “Era de Ultron”. Uma obra sobre lidar com as consequências de seus atos – sejam eles dos personagens ou do estúdio que os possui.

Não que o filme seja ruim, longe disso. A continuação resolve alguns problemas de ritmo do original (que demorava a engatar), com um prólogo sensacional de ação e várias situações sendo resolvidas de maneira rápida. A estrutura “solução que leva um problema maior – nova tentativa de resolução-conclusão” é eficaz para a montanha russa cinética que é essa produção, onde tudo parece gritar grandiosidade. Há um desenvolvimento melhor do Gavião e da Viúva Negra (que não têm seus filmes solo para serem explorados) e a apresentação de conhecidos das HQs como Mercúrio (não chega aos pés de sua versão de “X-Men: Dias de um Futuro Esquecido”) e Feiticeira Escarlate. Mas quem rouba a cena é mesmo Ultron. Assim como Loki no filme anterior, o robô enlouquecido criado por Tony Stark é divertido e carismático, mas com um quê de vilão Disney a la Scar que o deixa levemente sacana e engraçado.

Joss Whedon está mais equilibrado como diretor e apresenta uma evolução nas cenas de ação, mas perde-se com o roteiro no meio da história, com uma separação forçada dos heróis em que cada um vai parar em um lugar sem muita necessidade. Neste momento “Era de Ultron” enrola um pouco para depois entregar um clímax que, apesar da escala monumental, não empolga como quando vimos os heróis reunidos pela primeira vez no centro de Nova York. Que Ultron perdoe o trocadilho, mas falta coração a esta aventura. A alegria de rever aqueles herói reunidos de novo se perde em uma auto importância declarada a cada cena, com uma câmera lenta que parece falar “olha como isso é demais”.  Os heróis da Marvel eram especiais por serem humanos, e não por se apresentarem como deuses indestrutíveis. E mesmo que uma morte seja jogada meio de qualquer jeito para nos mostrar que todos são mortais, nunca chegamos a temer pela vida daqueles heróis.

Um outro problema é o antagonista. Ultron é sim divertido, mas se enfrentar alguns robôs é bem legal, enfrentar milhares e o tempo todo é só cansativo. Chega um hora em que nada mais faz alguma diferença emocional e “Vingadores” se torna só o som de explosões e coisas piscando na tela. Mas os acertos são maiores do que os erros, e Whedon é inteligente ao aproveitar as ilusões provocadas pela Feiticeira para que cada um dos personagens principais tenha seu momento especial. Além disso, a luta do Homem de Ferro com o Hulk é o que todo fã de quadrinhos sempre quis e o Visão vale toda a espera até aparecer.

“Era de Ultron” tem boas intenções, mas foi sufocado por toda a responsabilidade de ser o centro da mais bem sucedida franquia do momento. Ainda é divertido ver toda a galera reunida, mas eles podiam estar mais soltos e menos estagnados pelo mármore da pressão de ter que dar certo. As piadinhas estão lá, mas elas não deixam o filme mais leve. Se fosse um pouco mais despretensioso, a Marvel conseguiria mais uma vez trazer para o cinema toda a alegria genuína que era ler seus gibis.

O sentimento de uma ameaça maior que paira por toda projeção (e que se revela na cena durante os créditos) só comprova este medo do filme em se arriscar com algo tão valioso que inclui uma série de novas aventuras ainda por vir. “Vingadores” é, assim como o vilão de seu filme, uma máquina para dominar o mundo. E quer saber? Vai conseguir com folga cumprir sua missão.


Uma resposta para “Vingadores: Era de Ultron”

  1. Para concluir você poderia dar uma nota ao filme de 0 a 10 tudo bem que com essa analise acho que esta entre 8 e 9 mas…

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