Night Train to Lisbon (2013) | |
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Direção: Bille August Elenco: Jeremy Irons, Mélanie Laurent, Jack Huston, Martina Gedeck |
Adaptado do best-seller de Pascal Mercier, “Trem Noturno Para Lisboa” possui uma estrutura interessante que usa uma investigação literária para reexaminar a recente história portuguesa e provocar a transformação do personagem principal. O filme se apoia demais no livro, e apesar de com isso conseguir um início hipnotizante, o ritmo da história vai perdendo o equilíbrio e apresentando uma viagem que em alguns momentos se torna pra lá de cansativa.
Jeremy Irons faz o suíço Raimund Gregorius, o professor que se depara com uma mulher preste a se matar saltando de uma ponte. Ele a salva, mas a moça desaparece, deixando para trás o casaco contendo no bolso um livro e uma passagem de trem para Portugal. Fascinado com o que lê, Gregorius age impulsivamente e sai de sua vidinha comum em Berna em direção a Lisboa. Lá chegando, começa a procurar informações sobre o autor do livro que está lendo, o médico Amadeu (Huston), e acaba se confrontando com uma história de amor e amizade passada durante a ditadura de Salazar.
“Trem Noturno Para Lisboa” é uma espécie de “A Casa dos Espíritos” (do mesmo diretor e com o mesmo Irons) sem sal. As idas e vindas no tempo começam a cansar, e as relações entre Amadeu, Estefânia (Laurent) e Jorge (Diehl) não tem espaço suficiente para cativar o espectador. Os trechos filosóficos retirados do livro lido por Gregorius também acabam sendo excessivos, em um claro exemplo de que aquilo que funciona na literatura não necessariamente ficará bem no cinema.
Mas o bom elenco impressiona, apesar das várias histórias e personagens não se encaixarem de forma orgânica, criando um mosaico de depoimentos e ações que não parecem pertencer ao mesmo filme. De qualquer forma, o belo texto de Mercier, a beleza de Mélaine Laurent e o pano de fundo político seguram a direção pouco firme de Bille August. A trama é interessante o suficiente para atrair a atenção e nos fazer querer descobrir, junto com o professor suíço, os mistérios envolvendo aquela obra literária. O problema é que o que deveria ir num crescente de emoções vai caindo na monotonia, já que as duas histórias paralelas acabam uma enfraquecendo a outra graças às constantes interrupções narrativas. Por todos os envolvidos, “Trem Noturno Para Lisboa” merecia mais. É um drama curioso. Mas só.