A Maldição de Chucky


Nossa avaliação
Curse of Chucky (2013)
Curse of Chucky poster Direção: Don Mancini
Elenco: Chantal Quesnelle, Fiona Dourif, Jordan Gavaris, Danielle Bisutti


Chucky está de volta! O brinquedo assassino que aterrorizou a infância de muita criança no final dos anos 80 (inclusive a minha), retorna ao gênero que o lançou na cultura pop, o terror. Depois de nove anos fora da telona, o serial killer em corpo de boneco retorna em um filme que é uma grande homenagem ao primeiro longa de 1988. E só.

“Curse of Chucky” (ainda inédito no Brasil e sem nenhuma previsão de lançamento, já que nos Estados Unidos o filme foi lançado direto para DVD e Blu-Ray) é o sexto episódio da história do imortal assassino bruxo Charles Lee Ray, que tem sua alma presa no corpo de um bonequinho Good Guy. No aniversário de 25 anos de lançamento do original, o novo filme funciona bem como tributo aos clássicos, mas peca ao tentar recolocar o clima tenso dos horrores oitentistas em uma história que se tornou uma comédia patética nos dois últimos filmes, “A Noiva de Chucky” (1998) e “O Filho de Chucky” (2004).

“A Maldição de Chucky” começa bem, muito bem por sinal, mostrando um clima soturno, voltando ao formato da primeira trilogia em que o principal personagem é uma pessoa que está em volta de assassinatos sobrenaturais e Chucky é uma ameaça usada como pano de fundo e que só se mostra como vilão a partir da metade do segundo ato (total referência ao formato do filme “Tubarão” de 1975). No caso, esta personagem é Nica (Fiona Dourif), uma paraplégica que recebe uma encomenda dos correios, um boneco Good Guy, Chucky. Após receber esse inusitado presente, sua mãe morre de maneira misteriosa e, para cuidar da herança de família, a irmã mais velha de Nica, Barb (Danielle Bisutti) se muda junto com o marido, a filha e a babá, para a mansão que foi da sua recém-assassinada mãe.

Parecia que a trama seria bem envolvida em uma tensão que abraçaria o público, Chucky e os outros personagens, pois todos nós sabemos que o boneco é um assassino e tê-lo tão próximo dos outros, principalmente da criança Alice (Summer H. Howell , que lembra muito o jovem Andy dos dois primeiros filmes), poderia causar um mal-estar no espectador, subindo o nível de suspense. Mas a vontade de participar do filme e gritar para que o personagem corra veio só com um lampejo.

Don Mancini, criador de Chucky, parecia que finalmente conseguiria a redenção do assassino de borracha e “A Maldição de Chucky” poderia ser lembrando como um complemento aos filmes antigos que, mesmo com o fraco roteiro para a época, serviu para consolidar o personagem como motivo de muitos pesadelos. Mas não foi isso que aconteceu. Logo no vigésimo minuto de filme ocorre a primeira morte absurdamente boba e infantil, que faz você esquecer a trilogia clássica e se lembrar dos dois filmes de comédias envolvendo o brinquedo assassino. E sim, “A Maldição de Chucky” é uma sequência do péssimo “O Filho de Chucky”. Os elementos estão lá, as mortes e acontecimentos são relembrados e a única coisa que Mancini não faz é comentar sobre os gêmeos Glen e Glenda, mas nem precisa, o roteiro do filme serve por si só de lembrete.

A partir dali, mesmo tentando se cobrir sob o gênero de terror, “A Maldição de Chucky” dá várias escorregadas no clichê. Antes fosse algo proposital e aparente, como em “A Noiva” e em “O Filho”, que não tentavam de maneira nenhuma serem levados a sério, mas “A Maldição” queria isso, implorava por ser levado a sério nos constantes tons sombrios e tomadas cheias de teaser de suspense. E foi aí que Mancini escorregou nos jorros de sangue em abundância, nas mortes óbvias, na sequência e escolha nada original das vítimas, nas personalidades vistas em cena. Todos e tudo que está em “A Maldição de Chucky” aparece em todos os outros filmes de terror, a diferença é que agora tem um boneco (opa, que não é tão diferente assim).

Mas não vamos dizer que Mancini não tentou. Ele conseguiu amarrar a história de Chucky e colocou a maldição (relatada no título do filme) como algo mais palpável, como uma vingança que o assassino tem que sanar com a família de Nina. Vingança essa que consegue juntar a origem do assassino com o novo filme, linkando este sexto diretamente ao primeiro episódio.

“A Maldição de Chucky” é o típico exemplo de produção com potencial, porém mal executado, decepcionando até o espectador mais otimista (eu me coloco nesta lista, pois queria MUITO ter gostado, mas não deu). Vale a olhada apenas pela nostalgia. E se conseguir assistir até o final, espere os créditos subirem, pois tem uma cena para os fãs da velha-guarda.

Um remake para a série se arrasta desde 2007, e sinceramente, essa pode ser a única salvação para Chucky, caso tenha um tom completamente diferente do que vem sendo feito com o personagem.  Um filme que seja mais sério, estilo “Invocação do Mal”, buscando exaltar melhor a tensão do primeiro “Brinquedo Assassino” (1988). Mas não tenho muita esperança, pois o “A Maldição de Chuck” deixa mais um gancho para continuação, e um “Chucky 7” pode vir por aí.

Se continuar do jeito que está, Chucky não vai passar de um convite para brincar em uma sessão corujão na TV.


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