Mas uma vez condensamos duas semanas em uma coluna por falta de destaques positivos ou negativos dos quais falar. Não faltaram lançamentos nos últimos dias, mas tudo ficou na média e os melhores títulos são os de sempre, como “Superior Spider-Man #7” e “Saga #12”.
Vamos aproveitar a ocasião, então, para discutir as revistas de Brian Bendis, principal roteirista da Marvel. Bendis publicou nestas duas semanas quatro edições que deram o que falar, menos pela qualidade do que pelo conteúdo, e que prometem mexer com o status quo de alguns personagens queridos.
Duas delas são as edições #4 e #5 da saga “Age of Ultron”, o crossover Marvel do ano. “AU”, como a saga foi apelidada pela equipe editorial, é uma minissérie estranha. Como o desenhista Brian Hitch trabalha lentamente, as edições estão em produção há tanto tempo que a situação de vários personagens não encaixa bem com a continuidade atual da editora. Além disso, é evidente que, assim como a saga “Age of Apocalypse” (de onde sai o título de “AU”), toda a destruição causada pelo vilão do título será revertida pelos heróis através da viagem no tempo.
Mas ao invés de “Age of Apocalypse”, a principal inspiração de “AU” parece ser o arco “Dias de um Futuro Esquecido”, dos X-Men. Só que, aqui, ao invés de sentinelas temos o robô assassino que odeia os Vingadores, e ao invés de personagens viajando do futuro para o presente para consertar as coisas, temos heróis saindo de um presente apocalíptico para consertar as coisas no passado. E é aí que a saga promete afetar a continuidade atual, já que provavelmente trará retcons (alterações retroativas na continuidade) envolvendo Hank Pym, o criador de Ultron.
“Age of Ultron” não é ruim, graças principalmente à bela e detalhada arte de Hitch. Mas fica uma sensação de que a trama é uma reciclagem de vários conceitos já explorados pela editora, e que só existe para chegar a um status quo mais alinhado com o universo cinematográfico da Marvel.
Do outro lado temos o trabalho de Bendis na franquia X-Men, com “All-New X-Men #10” e “Uncanny X-Men #4”. São edições típicas do autor, com muita falação e pouca ação. Não só as duas revistas são só conversa, como são a mesma conversa: Ciclope e sua equipe vão visitar a escola de Wolverine para tentar recrutar alunos para o seu “lado”. Há diálogos que se repetem nas duas edições, mas Bendis espertamente adiciona um ponto de vista diferente à repetição com uma conversa telepática paralela. O lado positivo das edições é o modo como Bendis resolve algumas aparentes incoerências de edições anteriores demonstrando que o Fera havia distorcido a verdade a fim de convencer os X-Men originais a virem ao presente. O lado negativo é o modo como Bendis cria um suspense a respeito de qual dos cinco X-men do passado irá “trair” os companheiros em “All-New X-Men #10”, só para revelar anticlimaticamente quem é o traidor em “Uncanny X-Men #4”. Apesar dos problemas, o autor vem fazendo com os mutantes um trabalho muito melhor do que fazia com os Vingadores, já que o melodrama é o seu forte e sempre foi uma característica das melhores histórias-X.