Oz the Great and Powerful (2013) | |
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Direção: Sam Raimi Elenco: James Franco, Mila Kunis, Rachel Weisz, Michelle Williams |
Quando “O Mágico de Oz” estreou em 1939, o filme oferecia à plateia um irresistível novo universo em colorido Technicolor, espelhando de forma marcante a transição no cinema do preto e branco para a imagem colorida: começava em tons sépia para virar uma explosão de cores após a casa de Dorothy cair em Oz. Essa espécie de prequel produzido pela Disney (os direitos do filme original são da Warner, mas o livro de Frank L. Baum é de domínio público) que chega agora às telas tenta emular o impacto tecnológico do clássico, mas só consegue apresentar uma história cansativa que não se destaca nem mesmo pelo visual.
A trama tenta explicar como o mágico de Oz chegou a Oz, e para isso Sam Raimi adota uma perspectiva fabulesca que lembra muito o “Alice no Páis das Maravilhas” de Tim Burton, mas nem nos personagens e nem na construção do mundo consegue surpreender. Pois a verdade é que após “O Senhor dos Anéis”, “As Crônicas de Narnia” e “Avatar”, apenas a criação de um mundo novo não é suficiente para conquistar a atenção da plateia. É preciso que ele seja narrativamente eficiente , funcionando de forma viva para a história e não sendo apenas um amontoado de cenários bacanas ou impossíveis. E este é um dos principais problemas de “Oz – Mágico e Poderoso”: pegar o mundo-título e transformá-lo em algo menos interessante do que fases de um videogame, já que nenhum ambiente chega a ser verdadeiramente explorado, apenas visto. Irrita também a naturalidade com que o personagem principal encara tudo, não se surpreendendo com quase nada, como se todo o filme fosse uma viagem alucinógena de um James Franco chapado.
Além disso, o 3D é injustificável, já que o diretor não explora a ferramenta para nos inserir de forma convincente em seu mundo de pixels. Para causar algum impacto, poderia, por exemplo, ter começado em 2D e só com a chegada em Oz ter a transmutação para 3D. Mas o uso da terceira dimensão desde o início enfraquece inclusive o momento da mudança da razão de aspecto da tela, que deveria causar um “Uou”, mas é só “ó, agora tá colorido”.
As piadas não funcionam, há representações estereotipadas que incomodam (praticamente todos os personagens que não são os belos, brancos, inteligentes e poderosos mágico e bruxas), e as cenas de ação dão sono. O que se salva é exatamente o ótimo elenco feminino, com destaque para Mila Kunis. Após a transformação pela qual ela passa você também terá a certeza de que Sam Raimi errou na escalação de Willem Dafoe no primeiro Homem-Aranha.
Kunis é o Duende Verde perfeito.