Estamos de volta à ativa com o melhor dos lançamentos em quadrinhos nos EUA, perpetuando aquela tradição maldita de que o ano só começa depois do carnaval. Passou a ressaca, então vamos lá!
Em “Superior Spider-Man #4”, o “novo” Homem-Aranha continua determinado a superar as realizações de Peter Parker a qualquer curso. E, ainda que ele seja bem mais ambicioso que o velho aracnídeo, e seus métodos sejam visto como superiores (pelo menos pelo prefeito Jameson), em vários momentos ele também é mais patético. A sua reação ao descobrir que Peter nunca completou o doutorado é um desses momentos em que o lado “cientista louco” do protagonista vem à tona, e serve como alívio cômico em contraste com a participação do vilão Massacre, cuja ameaça pode levar o Aranha Superior a cruzar aquela linha que seu predecessor nunca cruzou.
“Saga #10” traz uma combinação de flashback romântico com uma sequência de ação digna de ser comparada com um momento chave de “O Império Contra-Ataca”. E a ação é detonada justamente no momento em que várias tramas da narrativa colidem, o que dá um tempero mais intenso à adrenalina do momento em que um planeta que não é bem um planeta explode bem debaixo do nariz dos mocinhos. A essa altura, a produção autoral de Brian K. Vaughan já evoluiu de uma mistura politicamente incorreta entre “Star Wars” e mundos de fantasia medieval para um estilo próprio, que merece ganhar sua própria adaptação para a tela grande.
“Justice League of America’s Vibe #1” é uma das duas surpresas da semana, trazendo uma boa estória com um dos personagens mais obscuros da DC Comics. Apesar de sua origem ser similar às de vários outros “heróis étnicos” da editora, o roteirista Geoff Johns acerta ao amarrá-la com vários aspectos da nova continuidade, conferindo aos “Novos 52” um sentido histórico que vinha faltando.
“Nova #1” é a segunda surpresa, mas não por causa do personagem obscuro, que já havia sido revitalizado na ótima série de 2007. O desafio era justamente superar o sucesso do “falecido” Richard Rider com um novo herói em seu lugar. E ninguém estava muito otimista, porque o roteirista encarregado era Jeph Loeb, o responsável pelas histórias mais pavorosas da última década. Mas ao contar a origem de Sam Alexander, o novo “Nova”, Loeb parece ser aquele roteirista delicado dos velhos tempos, e não o “Michael Bay” dos últimos anos, provavelmente porque o personagem é baseado em seu falecido filho adolescente. Pontos bônus por fazer a mitologia do herói parecer mais com um daqueles filmes de ficção científica dos anos 80 do que com uma cópia barata do Lanterna Verde.