Jack Reacher (2012)
	Direção: Christopher McQuarrie Elenco: Tom Cruise, Rosamund Pike, Richard Jenkins, David Oyelowo

“Jack Reacher – O Último Tiro” é um filme que aposta nas partes que formam o todo. A abertura mostra diversos planos fechados, isolados em si mesmos, mas que em conjunto vão formando o atentado a tiro contra civis inocentes que está para acontecer. A triste coincidência com os casos recentes de tiroteios nos Estados Unidos não é o maior dos problemas do filme, que apesar de divertido, é instável demais para se tornar o grande thriller de ação que ele queria ser.

Tom Cruise é o personagem-título, um misterioso ex-militar que vai ajudar uma advogada a investigar como seu cliente (em coma) atirou (ou não) contra pessoas inocentes. Tentando ser uma espécie de Dirty Harry moderno (ou até mesmo um Rambo menos surtado), “Jack Reacher” carrega um mapa genético oitentista, seja no personagem saído do livro de Lee Child ou na ambientação criada pelo diretor Christopher McQuarrie (roteirista de “Os Suspeitos” e “Operação Valquíria”). É um mundo de muitas sombras e luzes artificiais, o tempo todo nos lembrando de que a verdade é difícil de ser encontrada e precisa ser iluminada à força. E o trabalho de Reacher é exatamente ir atrás dos detalhes, das partes que em separado não dizem muito, mas organizadas em conjunto podem revelar o mistério da situação completa.

O filme cria uma tensão crescente e interessante com boas cenas de ação, mas depois começa a se entregar aos clichês e a se resolver rápido demais, com uma facilidade que não condiz com o mistério criado até então. O personagem de Robert Duvall quase destrói tudo, caindo de para-quedas como solução para todos os problemas dos personagens. Além disso, o clímax é genérico demais, e poderia estar em qualquer filme do Schwarzenegger dos anos 80.

Apesar da divertida participação de Werner Herzog como vilão (vilão contra a pirotecnia hollywoodiana?) quem segura mesmo a produção é Cruise e seu personagem. Jack Reacher é um investigador interessante o suficiente para ganhar uma cinessérie; e também melhores adaptações. Pois como o próprio “O Último Tiro” ensina, não são poucas partes boas que vão fazer um bom filme como o todo.