Passou-se mais uma semana e terminou o mês de setembro, marcado pelas edições “número zero” da DC, que supostamente serviriam para mostrar flashbacks que explicassem melhor as mudanças trazidas pelo “novo” universo da editora (mas só serviram, na maioria dos casos, para causar confusão). Diversas edições se contradizem, criando uma continuidade sem sentido que demonstra a falta de cuidado editorial por trás da criação do novo universo. Temos, por exemplo, diversas versões conflitantes para o ano em que Batman começou a lutar contra o crime.
Se pudermos deixar de lado as contradições mais gritantes, dá até pra aproveitar algumas boas estórias. “Aquaman #0”, por exemplo, nos dá mais alguns detalhes da “origem” do herói submarino, e mostra pela primeira vez a “nova versão” da Atlântida. Apesar da escrita meio “forçada” do roteirista Geoff Johns, que tenta fazer toda frase do pai de Arthur ter o mesmo peso de um “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”, a edição já nos faz sentir falta antecipada de Johns e do desenhista brasileiro Ivan Reis, que deixam o título a partir de outubro.
Já “Superman #0” traz a estreia da nova equipe criativa do título, o roteirista veterano Scott Lobdell e o artista Kenneth Rocafort, ambos “transferidos” de “Red Hood and the Outlaws”. O desenhista estava desperdiçado na revista do “Capuz Vermelho”, e aqui consegue mais espaço para se destacar com uma aventura de Jor-El, pai do homem de aço, antes da destruição de Krypton. Apesar de ser a enésima estória desse tipo já contada, Lobdell consegue dois feitos: traz uma pequena reviravolta que conecta melhor o presente do Superman com o passado de seus pais, e faz de Jor-El e Lara personagens razoavelmente interessantes que seriam capazes até de sustentar uma revista mensal própria. Nota-se que o roteirista se esforçou, porque a edição é uma leitura muito mais leve e divertida que os demais títulos mensais escritos por ele, que sempre carregam uma quantidade pesada de texto expositivo chato de se ler.
Do lado oposto da concorrência, o grande destaque vai para “Ultimate Comics: The Ultimates #16”, mas nem tanto por mérito do título e mais por causa daquela que já virou a prática padrão da editora Marvel: a de estragar as “surpresas” mais chocantes ao mandar press releases para a grande mídia. A polêmica da vez é a eleição de Steve Rogers, o Capitão América, como presidente dos Estados Unidos. Só que isso no universo “ultimate”, a continuidade paralela da editora que, para a maioria dos leitores, “não conta”. É uma pena, porque, apesar da péssima edição anterior, “The Ultimates #16” faz tudo direitinho e é uma ótima leitura. Fica uma sensação de estranhamento, porque o jeito ridículo (de uma boa maneira) como o Capitão conduz seus novos encargos – digamos apenas que envolve um jato branco customizado pelo Homem de Ferro e frases do tipo “a América é a minha Casa Branca” – parecem muito aquém do “realismo” pelo qual foram elogiados os primeiros volumes da revista.