Enquanto se recupera de seu último grande “evento”(o crossover “Avengers Versus X-Men”), a Marvel tenta amarrar pontas soltas e dar mostras de seus rumos futuros, mas acerta mesmo é quando não faz nem uma coisa nem outra, deixando os autores se concentrando apenas em contar uma boa história.
“AvX: Consequences #2” é um exemplo do primeiro tipo, que tenta não só mostrar o destino dos personagens mais afetados pela saga, como se esforça para reduzir os danos causados pela má caracterização dos ditos cujos. O grande foco da edição é sobre o X-Man Ciclope, que é escrito como um estrategista inteligente pela primeira vez desde o início da saga. Apesar da postura exageradamente emocional de Wolverine e da péssima e longa cena em que ele “vira” várias latinhas de cerveja, a conversa entre os dois acaba sendo superior a todo o resto do “conflito”, com o ex-líder dos mutantes mostrando que, apesar dos óculos esquisitos, tem uma visão mais clara da sua própria situação que qualquer outro personagem. A sua atitude resignada e suicida gera momentos pungentes, como aquele em que Logan recolhe as garras, dizendo: “só você consegue tirar toda a graça de querer matar alguém que odeio…”.
O segundo tipo de histórias da editora, focadas no “futuro” do Universo Marvel, é composto basicamente pelo almanaque “Marvel Now Point One #1”. A revista consiste em um apanhado de estórias curtas, relacionadas a títulos vindouros, enquadradas por uma narrativa sem graça protagonizada por Nick Fury Jr. (o filho do Fury original com, aparentemente, Samuel L. Jackson). Entre os “curtas”, temos uma estorinha bonitinha do Homem-Formiga, que prenuncia seu papel em “FF”, um prelúdio de “Guardians of the Galaxy”, um conto completamente boçal do novo “Nova”, uma boa prévia de “Young Avengers” outra de “Cable and the X-Force”. O destaque vai para os dois últimos, onde o jovem Loki e o mutante inventor Forge aparecem como os personagens mais interessantes, e que merecem que fiquemos de olho.
Mas é só quando não há nenhuma ligação com o grande crossover que um título Marvel consegue brilhar. “Hawkeye #3” é uma edição de quadrinhos absolutamente perfeita, daquelas que merecem ser usadas em sala de aula, e faz com que a nova revista solo do Gavião Arqueiro siga os passos da revista do Demolidor de Mark Waid, tornando-se a melhor surpresa da temporada.
Na edição o herói-título passa de uma despretensiosa arrumação de primavera com sua parceira a uma emocionante e levemente bizarra perseguição de carros por uma série de pequenos erros e coincidências. A edição tem todos aqueles detalhes que o roteirista Matt Fraction adorava usar em “Casanova” (e que ele ainda não havia trazido para o universo Marvel), e faz do Gavião pela primeira vez um personagem mais interessante que seu concorrente, o Arqueiro Verde.