“Marvel Now” é o nome da nova “fase” das HQs do universo Marvel, em uma iniciativa que visa imitar o sucesso do relançamento da linha DC em 2011. Ao contrário do que foi feito na Distinta Concorrência, quando toda a linha foi reformulada com o lançamento de 52 novas revistas, a iniciativa da Marvel adota uma estratégia menos radical ao trazer o lançamento de uma nova revista por semana, começando nesta última.
Assim, o primeiro título da nova fase, lançado na última quarta-feira, é “Uncanny Avengers #1”. Saído diretamente do final do crossover “Avengers Versus X-Men” e trazendo uma mistura entre as revistas “Uncanny X-Men” e “Avengers”, a revista mostra justamente a tentativa de criar uma equipe híbrida de super-heróis, combinando integrantes tanto dos Vingadores quanto da equipe mutante “derrotada”. Se olharmos para a edição por si só, ela até não é ruim. De particular destaque é a arte do sempre competente John Cassaday, que dá à revista um “ar” de estória pulp antiga que combina muito bem com a “ameaça” da vez: um novo plano maquiavélico do vilão Caveira Vermelha. A estratégia do líder nazista, revelada na última página da edição, parece idiota e repugnante à primeira vista, mas combina com o estilo “Era de Prata” que o roteirista Rick Remender tenta conferir aos estranhos capangas do vilão.
“AvX: Consequences #1”falha no mesmo quesito. A minissérie que vem “amarrar” as pontas soltas do crossover não só traz erros crassos de continuidade (já tivemos pelo menos três versões completamente diferentes para a cela em que Ciclope está aprisionado), como continua a trazer roteiros mal escritos que se esforçam para tentar convencer os leitores que Wolverine e os Vingadores são os heróis do conflito. O resultado é que o Capitão América aparece como um fascista iludido e o mutante canadense como uma criança birrenta, enquanto Ciclope é tratado como Hannibal Lecter. Quando Wolverine – personagem notório pelo seu lado sanguinário – confronta seu rival encarcerado com a acusação “matou alguém ultimamente?”, somos forçados a suprimir o riso e juntar a nossa voz à dos fãs que durante a New York Comic Con deste fim de semana entoaram, diante dos editores Marvel, o coro “libertem o Ciclope”.
Mas nem tudo está perdido. Scott Snyder, estrela ascendente na editora DC que recentemente foi anunciado como roteirista de um novo título do Superman, traz uma “atualização” perturbadora do Coringa em “Batman #13”. É o início da saga “Death of the Family”, que verá o palhaço do crime visando os aliados do morcego. Aqui prevalece uma interpretação do vilão lunático muito similar à feita por Cristopher Nolan e Heath Ledger no filme “O Cavaleiro das Trevas”, segundo a qual o Coringa visa, acima de tudo, provocar o seu arqui-inimigo a atitudes drásticas. “Batman #13” traz o vilão mais perigoso do que nunca, e apesar das mudanças em seu visual, Snyder não tenta apagar o passado, trazendo diversas “homenagens” a confrontos anteriores entre Batman e o vilão. Com os roteiros de Snyder e a arte de Greg Capullo, “Batman” continua consistentemente o melhor título do novo universo DC, e desbanca fácil os títulos mais populares da concorrência.