[xrr rating=3.5/5]
É de se imaginar por que não seguiram “O Legado Bond” com esse quarto capítulo da série Bourne e reescalaram Jeremy Renner como o protagonista vivido por Matt Damon. E antes que você diga que Bourne não é Bond e isso seria heresia: Bourne é exatamente Bond e os mesmos argumentos devem ter sido feitos quando Sean Connery abandonou o Agente da rainha nos anos 70.
Em vez disso, temos uma mezzo-reinvenção mezzo-ampliação do universo da trilogia anterior, com a revelação de programas semelhantes ao Treadstone de Bourne e o fantasma do antigo protagonista pairando sobre o filme. Como uma série de TV que perdeu seu protagonista-rótulo, a nostalgia é tão palpável que fica-se à espera de que ele apareça a qualquer momento.
Não que Renner não tenha cacife para substituir Damon. Mas o roteiro gasta tanto tempo explicando (ou tentando) os novos programas, que sobra pra ele um protagonista que parece costurado às pressas. No meio do filme, um flashback entre o tal protagonista, Aaron Cross, e o colarinho branco mauzão vivido por Edward Norton cai de paraquedas querendo dar uma bússola moral a Cross e estabelecer um passado entre os dois, mas é tão do nada e tão deslocado do resto que dá vergonha.
Cross é um super soldado de um tal programa Outcome, em que as cobaias precisam tomar diariamente duas pilulazinhas para manter sua “Foditude Bourne”. Mas com o escândalo causado pelo personagem de Damon no final de “O ultimato Bourne”, a CIA e o exército decidem encerrar essas iniciativas, dando início a uma queima de arquivo geral. Aaron sobrevive a caça às bruxas e, sem seus remedinhos e prestes a perder seus Poderes Bourne, acaba se aliando à Dra. Marta Shearing (Weisz), uma das cientistas responsáveis pelo programa e que também está sendo perseguida. Ela pode sintetizar um remedinho que o tornará “Para Sempre Bourne”, só que… só lá nas Filipinas. Sério.
Essa bomba-relógio criada pelo roteiro funciona e, como thriller de ação, “O Legado Bourne” não decepciona. O problema é que com a já mencionada necessidade de diálogos expositivos, mais o sistema de cotas para explosões e perseguições obrigatório do blockbuster hollywoodiano, resta unicamente a Renner e Rachel Weisz nos fazer importar com aquela história toda. E a sorte é que os dois são bons atores. Ela, especialmente, tem uma cena em um carro em que precisa explicar toda a ciência do programa para Cross (e pro público) e a emoção que Weisz confere a um texto absurdo é digna de nota.
O diretor Tony Gilroy não tem a originalidade de Paul Greengrass para sequências de ação e suas perseguições são burocráticas. A última, principalmente, é bem feita, mas tem um gosto de déjà vu que a torna cansativa. Norton sofre com um vilão que quase desaparece na segunda metade, sendo obviamente guardado para uma sequência. Que, nos moldes estabelecidos aqui, não é certa de acontecer. O bom é que ele, Renner e Weisz não são astros que precisam de franquias. São bons atores que sempre vão ter o que fazer.
Uma resposta para “O Legado Bourne”
[…] de ação como um todo, mais notadamente, os filmes da franquia 007. Por isso, após o morno “O Legado Bourne” (2012) sem Matt Damon e sem Greengrass, os fãs comemoraram a reunião da dupla em um novo filme […]