E mais uma vez o destaque da semana é uma edição da saga do ano da Marvel. Embora as primeiras cinco edições tenham sido francamente estúpidas, o crossover sobe de qualidade a partir da edição 6 e consegue tirar ouro de uma premissa também estúpida. Em “Avengers Versus X-Men #7” temos não apenas uma continuidade em relação aos elementos que se destacaram na edição anterior, como algumas das “falhas” que apontamos na coluna são abordadas. Se o foco do número 6 era Ciclope, em detrimento dos outros quatro hospedeiros da Fênix que, como eu havia dito, tinham uma chance muito maior de perder o controle do que o caolho, aqui as atenções recaem justamente sobre os ex-vilões Namor e Rainha Branca.
“Avengers Versus X-Men #7” parece uma sequência direta da saga “Dinastia M”, graças em parte à ótima arte de Olivier Coipel (que também foi o desenhista daquela minissérie), mas também pela presença da Feiticeira Escarlate como “arma secreta” dos Vingadores contra as cinco Fênixes. Há uma sensação forte de tensão nos conflitos entre a ex-heroína e os X-Men, apesar de que é um pouco difícil acreditar que os mutantes, com o poder de uma entidade cósmica do seu lado, tenham tanto trabalho para derrotar a equipe do Capitão América.
O roteirista da vez é Matt Fraction, cuja famosa ousadia é bem adequada para esse ponto da estória, no qual, com o perdão da expressão, a bosta bate no ventilador. O estilo chocante da escrita de Fraction se faz bem evidente em uma conversa entre Tony Stark e o Pantera Negra, que termina com o monarca africano estapeando o playboy. As expressões de Tony na cena são ótimas, e crédito deve ir para o artista, que tem o cuidado de diferenciar as fisionomias de cada personagem.
São os dois “reis” da estória que mais se destacam. De um lado o Pantera, mesmo nervoso, é a voz da razão em um grupo de heróis que insiste em um curso de ação extremista. Do outro, Namor é o hospedeiro da Fênix mais “esquentadinho”, tentando impor um ponto de vista mais radical ao moderado (pelo menos comparativamente) Ciclope. E o clímax da edição acaba sendo um confronto direto entre os dois.
Mas é aí também que podemos perceber algumas inconsistências, como o fato de Tchalla ter afirmado anteriormente que não envolveria a nação de Wakanda no conflito com a Fênix para não colocar seus súditos em risco – e aí fazendo exatamente isso nesta edição. Ou a incoerência entre a fala do Capitão América, que afirma que a estratégia defensiva bolada pelo Dr. Estranho deve ser usada “seletivamente” e “somente em situações extremas”, e logo no quadrinho seguinte usa e abusa do plano, perdendo imediatamente a vantagem que ele proporcionaria.
E se Colossus foi talvez o hospedeiro da Fênix mais “apagado” (trocadilho intencional) na edição, pelo menos o russo metálico pode “brilhar” (rá, estou pegando fogo hoje, ou não?) na revista relacionada ao crossover “Uncanny X-Men #15”, em que a sua situação como “avatar” de duas forças cósmicas diferentes (não se esqueçam de que ele também ainda é o Fanático) é abordada e resolvida de maneira inteligentíssima, sem sacrificar a subtrama que vem se desenvolvendo desde a saga “Fear Itself”.