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Gina Carano é uma campeã de MMA que faz sua estreia no cinema em “A Toda Prova”, nova “brincadeira” de Steven Soderbergh. A escalação da lutadora tem seus bons motivos: a protagonista é uma espécie de Jason Bourne de saia e com memória, e a presença de Carano dá um realismo empolgante às cenas de luta.
O diretor agora faz seu “Grindhouse”, uma espécie de filme B de ação dos anos 70, com fotografia lavada, personagens caricatos e trilha estilosa. Carano faz uma agente especial de uma firma privada que faz trabalhos secretos para o governo dos Estados Unidos, como acabar com sequestros políticos ou eliminar informantes perigosos. Como é típico deste tipo de história, a moça vai ser traída e vai acabar indo atrás de todo mundo que tentou matá-la.
Neste tipo de “Kill Bill” da luta-livre, é divertido ver aquela que é praticamente a única mulher em cena arrebentando todos os homens do elenco (especialmente quando se trata de astros como Channing Tatum, Ewan McGregor, Michael Douglas, Antonio Banderas e Michael Fassbender). Mas como se a chamada “estética filme b” fosse desculpa para roteiros preguiçosos, “A Toda Prova” tem problemas de ritmo e personagens dispensáveis.
Soderbergh parece mais interessado em imprimir um estilo visual e um tom setentista do que exatamente contar uma história. O que acontece é que o filme tem grandes momentos nas cenas de luta da personagem principal, mas não se decide entre a ação e os diálogos. Há longos momentos de reflexão dos personagens que não levam a nada, sendo entrecortados por uma ação que interrompe a narrativa apenas para também interrompida logo depois.
O ritmo é assim fragmentado, dificultando o envolvimento com a história e com a jornada de vingança daquela mulher. Mas não há dúvidas de que Soderbergh é um grande diretor e consegue imprimir um clima cool em cada cena, entregando sequências de ação que chamam a atenção pela duração dos planos, longe daqueles espetáculos picotados que temos vistos por aí.
Sendo uma estreia promissora para Carano – que pode vir a ser uma grande estrela de ação – “A Toda Prova” até diverte, mas é mais um exercício de estilo do que uma trama bem narrada. O excesso de personagens, as idas e vindas no tempo e o confuso plano dos vilões tornam tudo um pouco difícil de entender. Mas não há como escapar do óbvio: as cenas de luta de Carano são espetaculares.