Outra semana se passou, e mais uma vez os destaques não são as HQs de super-heróis, mas dois lançamentos de diferentes gêneros. O primeiro é “Saga #1”, a mais nova invenção de Brian K. Vaughan, publicada pela Image. Apesar de ter sido descrito pelo autor como uma mistura entre “O Senhor dos Anéis” e “Star Wars”, o resultado não é bem esse…
Estão lá as temáticas típicas da fantasia e do sci-fi: “Saga” é a estória de um casal de soldados que desertaram de lados opostos de uma guerra intergaláctica para ficarem juntos; um deles tem asas e vem de uma raça tecnológica oriunda do planeta Landfall, o outro tem chifres e vem de uma raça mística que vive na lua de Wreath.
Só que não temos o tipo de trama bem comportada e levemente insossa das sagas de Tolkien e George Lucas. “Saga” já começa com a heroína em trabalho de parto e perguntando: “Estou cagando? Sinto que estou cagando…” O bebê nasce coberto de fluidos e o pai faz questão de cortar o cordão umbilical com os dentes. Há muitos palavrões, cenas de nudez, amamentação e sexo. Em suma, uma série de coisas que jamais veríamos em Tatooine ou na Terra-média (e muito menos em Nárnia), que fazem que “Saga” não seja uma saga voltada para os puritanos e facilmente ofendidos.
Só pela primeira edição fica difícil dizer se a série será a obra prima de Vaughan, como o roteirista vem tentando convencer a mídia. Mas já dá para perceber que a estória tem seu charme, mesmo que seja um tipo de charme um tanto grosseiro.
Do outro lado temos “Saucer Country #1”, título idealizado por Paul Cornell e publicado pelo selo Vertigo da DC, descrito como uma mistura de “Arquivo X” e “The West Wing”. A primeira edição mostra que o resultado é bem próximo disso, e se “Saga” poderia ser adaptado para um blockbuster de verão, “Saucer Country” certamente daria uma boa série de TV.
A trama segue a governadora Arcadia Alvarado, uma política hispânica divorciada que está prestes a anunciar a sua candidatura para a presidência dos Estados Unidos quando – aparentemente – é abduzida por extra-terrestres. Já podemos prever o tipo de conflitos em que ela irá se envolver, já que sair por aí investigando abduções alienígenas não é exatamente o tipo de comportamento esperado de um presidenciável.
A proposta do título é interessante e a primeira edição, boa. Resta saber se Cornell será mais corajoso que os autores de “Arquivo X” – ou seja, se a estória vai para algum lugar, ou se vamos ficar eternamente na dúvida…