Outra semana passou-se no mundo dos quadrinhos, e desta vez os destaques – para o bem ou para o mal – são surpresas.
Para o mal temos “The Last of The Greats #5”, última edição da série da editora Image que conta a história de um mundo em que sete seres alienígenas com super poderes eliminaram o crime, a pobreza e a doença, só para acabarem sendo mortos pela população ingrata. Digo seis, não sete, porque o sétimo ficou quieto no seu canto até o começo da história, quando um representante da humanidade vem implorar pela sua ajuda contra uma invasão alien a la “Independece Day”.
A série em geral foi bem decepcionante, com uma arte fraca e uma trama meio genérica e extremamente rasa – isso sem mencionar a predileção do roteirista Joshua Hale Fialkov por cenas chocantes ao invés de conteúdo, o que fica bem demonstrado pelo estupro gratuito do protagonista pelo análogo do Superman na última edição.
O número 5 só vem comprovar o desperdício de tempo e dinheiro do leitor, já que encerra a história com um cliffhanger, prometendo covardemente a resolução em uma futura publicação. Toda a minissérie poderia ter sido resumida em apenas uma edição, sem nenhuma perda.
Para o bem temos, ironicamente, “New Mutants #37”. Ironicamente porque é a edição em que a heroína mutante Magma sai em um encontro com Mefisto, o próprio diabo do universo Marvel. E é uma edição perfeita em cada aspecto de sua execução.
A arte de David López atinge aqui o seu auge, canalizando o melhor de grandes artistas como Paul Pope e Frank Quitely, mas sem a esquisitice que faz com que eles não sejam tão apreciados pelo público mais leigo. Se López continuar evoluindo nesse ritmo, ouso prever que ao final do ano será um dos principais artistas da Casa das Idéias.
E o roteiro não fica aquém das ilustrações, com os sempre divertidos Dan Abnett e Andy Lanning provendo uma das suas melhores narrativas, e adicionando uma camada extra bem sutil ao personagem de Mefisto. Logo as igrejas evangélicas vão começar a perseguir esses caras, se souberem que eles conseguem fazer a gente ver que o diabo até que não é um cara tão mau assim*.
Pontos de bônus para a dupla de autores conhecida como DnA (“Dan and Andy”), por terem acertado nos diálogos em português do mutante brasileiro Mancha Solar.
*Brincadeira. A maioria dessas igrejas já acha que quadrinhos em geral é coisa do diabo, então não vai fazer muita diferença.