Voltamos à nossa programação normal em uma semana sem grandes destaques, mas com pelo menos dois títulos dignos de nota. E os dois são escritos pelo principal roteirista da DC, Geoff Johns.
O primeiro é o carro-chefe do novo universo DC, que traz em janeiro sua quinta edição. “Justice League #5”, como os números anteriores, chama atenção mais pela arte de Jim Lee – o “pop star” dos desenhistas de quadrinhos – do que por qualquer outra coisa. Mas se o título vinha decepcionando até então, parece que agora as coisas começaram a mudar.
A nova versão da origem da Liga da Justiça ainda sofre com os mesmos problemas das edições anteriores, que giram em torno do fato de que ainda não nos acostumamos com essa interpretação da primeira aventura do super grupo. Os personagens não “soavam” como os heróis que conhecemos, e se resumiam a reagir aos acontecimentos e a discutir mesquinhamente uns com os outros. Bom, alguns desses problemas continuam. Superman permanece soltando linhas de diálogo dignas de um Wolverine no início da carreira, o Hal Jordan parece mais com a versão cinematográfica resmungona e Bruce Wayne faz algo na edição que um personagem famoso por sua paranóia jamais faria.
Mas até aí tudo bem, porque sempre se pode argumentar que são versões mais “jovens” e “inexperientes” dos heróis. Pelo menos a edição mostra uma melhora nos quesitos ação e avanço da trama. Darkseid aparece como um vilão verdadeiramente ameaçador – algo como um Apocalypse com rajadas ópticas teleguiadas. E o mérito vai principalmente para os coloristas (são três!), que fazem com que “Justice League” pareça um blockbuster de verão, no bom sentido.
O outro destaque vai para “Aquaman #5”, que se dedica basicamente a responder à questão “o que aconteceria se Aquaman ficasse perdido no deserto”? É uma ótima história solo, contada principalmente através de imagens (com o brasileiro Ivan Reis arrasando na arte, como de costume), mas que também faz parte de uma trama mais ampla que investe no mistério em torno do mito da Atlântida. E Johns acerta em sua releitura do herói aquático ao fazer da cidade perdida submersa algo só mencionado, ao invés de mostrado diretamente.
Tradicionalmente, as histórias do Aquaman sempre eram piores quando ambientadas na Atlântida; como se o cenário funcionasse melhor quando apenas visitado ocasionalmente. E a forma de abordar a mitologia subaquática de Arthur escolhida por Johns funciona bem com sua insistência em mostrar como o público desdenha e subestima o herói. Conforme a presença da Atlântida vai indiretamente se fazendo sentir, vamos percebendo que, apesar da incredulidade dos habitantes da superfície, Aquaman não é só um pirado patético, mas alguém que faz parte de algo muito maior e mais misterioso que a nossa existência cotidiana mundana.