Cavalo de Guerra


Nossa avaliação

[xrr rating=3.5/5]

“Cavalo de Guerra” é a tentativa de Steven Spielberg fazer um clássico Disney dos anos 40 e 50. O diretor coloca todo o seu conhecimento sobre história do cinema a serviço da saga de um cavalo. O problema é que o personagem principal, apesar de bom ator, não consegue manter uma identificação consistente com o público. Nada surpreendente, afinal, trata-se de um equino.

Joey é o cavalo domesticado pelo jovem e ingênuo Albert (Irvine) na Inglaterra às vésperas da I Guerra Mundial. Os dois desenvolvem uma espécie de amizade que é obrigada a se separar quando Joey é vendido para um capitão inglês (Hiddleston) e parte para o front de batalha, onde muda de donos envolvendo-se em diversas histórias que perpassam os diferentes “lados” da guerra (os justos ingleses, os malvados alemães e os pacíficos franceses).

Os personagens tipificados incomodam um pouco pela falta de dualidade moral (ou se é bom ou se é simplesmente mal, o que não é uma novidade em se tratando de Spielberg), e a longa duração do filme não é favorecida por algumas passagens mais arrastadas, em que o diretor parece considerar todo o potencial público de sua produção como extremamente interessado na história contada sobre um cavalo.
E se tudo não resulta em algo piegas e sem sentido é porque Steven Spielberg é um grande diretor, que sabe contar muito bem uma história, compõe planos belíssimos e conta com o auxílio de um elenco absolutamente fantástico.

A adaptação da peça teatral de Nick Stafford e do livro de Michael Morpurgo mistura imagens lúdicas com outras que parecem saídas diretamente de um pesadelo. A trilha de John Williams exagera na tentativa de efeito dramático, mas acaba funcionando em momentos “sobe o som” em que Spielberg parece tirar da caderneta todos os clichês possíveis de filmes de guerra e de animais, conseguindo elabora-los de forma atrativa e emocionante (apesar de algumas escorregadas como o clímax quase constrangedor de tanta sacarose).

“Cavalo de Guerra” misturas diversos gêneros, em uma espécie de exercício de estilo do diretor. Começa como uma comédia infantil, com cores vivas (estilo technicolor) e abusando do humor, evolui para um drama de superação com o pano de fundo de luta de classes, depois se transforma em filme de guerra focado em ação e estratégia, filme de guerra com drama psicológico, filme de guerra com a vida à margem da batalha, filme de guerra com a estupidez humana e finalmente uma espécie de “O Resgate do Cavalo Ryan, quer dizer, Joey”.

Joey, aliás, é mesmo o centro narrativo do filme e personagem com o arco dramático mais bem desenvolvido. Com olhares expressivos, amor pelos amigos e explosões de heroísmo, o cavalo capaz de parar – mesmo que por poucos minutos – uma batalha, vai te conquistar caso você “compre” a ideia do filme. E mesmo que você não goste MUITO de equinos, pode até chorar. Spielberg sabe mesmo manipular uma platéia.


3 respostas para “Cavalo de Guerra”

  1. Eu gostei. Mas sou meio fã do Spielberg. Me incomoda um pouco o fato dele usar os olhos azuis como identificador da bondade necessária aos donos do Joey, mas o filme é bonito. E ninguém sabe filmar guerra hoje em dia como o The Beard sabe. Fato.

  2. Me admira muito vocês terem dado mais estrelas a Cavalo de Guerra do que a Histórias Cruzadas. Apesar de todo o talento e experiência de Spielberg, o elenco do filme simplesmente boicotou toda a grandeza que ele pretendia. Atualmente o cinema americano já aguenta ter alguns diálogos em outros idiomas. Ver americanos forçando sotaques absurdos em alemão e francês e ainda querer que o público se envolva com a história é pedir demais. E o núcleo inglês também não me pareceu muito melhor que isso. Por fim, entre várias tomadas de cena cliché a cereja do bolo pra mim foi o garoto ingênuo voltando pra casa com o cavalo com o céu laranja do entardecer ao fundo.

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