A semana passada marcou a estreia do “novo” Universo DC, com “Justice League #1”, a primeira de 53 edições #1 a serem lançadas em setembro. Mas o título da Liga era ambientado no passado, na forma de um flashback, e só agora começamos a ter uma idéia de como será esse “DCnU”. Aproveitando que a Marvel está meio tímida com a concorrência e anda lançando poucos títulos nas últimas semanas, vamos analisar as edições do “reboot” da DC, uma a uma:
“Action Comics #1” é a melhor edição da semana. A história, ambientada no início da carreira do Superman, mostra um Homem de Aço um pouco mais diferente do que estamos acostumados. De calça jeans e camiseta, ele é mais arrogante e divertido, e também um pouco mais ousado – digamos apenas que ele luta por justiça, mas isso não quer dizer que obedeça todas as leis. A edição faz jus ao nome da revista, recheada de ação de ponta a ponta: o Superman de Grant Morrison parece dotado de uma inércia irrefreável, e a edição só termina quando ele é detido. Já o artista Rags Morales é competente, dando traços faciais diferentes a cada personagem: podemos reconhecer Lex Luthor, por exemplo, só pelo nariz. Nota 4,5 em 5.
“Stormwatch #1” marca o início da “fusão” do Universo DC com o Wildstorm. A equipe que dá nome à revista é um grupo secreto que se dedica a proteger a Terra de ameaças alienígenas (a la MIB ou Torchwood), formado por integrantes do antigo Authority, alguns novos personagens e o Caçador de Marte. A escrita do roteirista Paul Cornell é boa, mas a edição é meio confusa e pouco amigável para leitores que não conheçam os personagens – basicamente todo mundo, já que os membros do grupo desempenham um papel diferente no novo universo e boa parte deles teve sua antiga história apagada da continuidade. Nota 3 em 5.
“Batgirl #1” é outro título muito esperado desde que anunciaram que Barbara Gordon voltaria a vestir o capuz. Muitos temiam que a paralisia da personagem seria apagada da continuidade, mas a autora Gail Simone preferiu explorar a fundo a idéia de uma heroína profundamente traumatizada. Ainda não sabemos como ela saiu da cadeira de rodas, mas a edição não evita o assunto, mostrando até um flashback de “A Piada Mortal”, em que Barbara leva um tiro do Coringa. Só não é abordado o fato de ela ser muito mais eficiente como Oráculo do que como heroína fantasiada… Nota 3,5 em 5.
“Justice League International #1” é um ótimo começo, reunindo a nova equipe rapidamente e já colocando os heróis para combater uma ameaça misteriosa. Nada do estilo de narrativa descomprimida que parece avacalhar alguns dos outros títulos, mas por outro lado o autor Dan Jurgens também não faz um bom trabalho apresentando os membros da equipe. Nota 3 em 5.
“O.M.A.C. #1” é um título estranho. Por um lado é legal ver os conceitos malucos de Jack Kirby sendo aproveitados, especialmente com a arte estilizada de Keith Giffen… Mas o resultado é muito efeito especial e pouco conteúdo, sem nenhum espaço para apresentar o novo personagem. Nota 2,5 em 5.
“Swamp Thing #1” é a edição mais bonita da semana, graças ao desenhista Yanick Paquette. Mas não parece parte do “reboot”: acontecimentos passados em “Brightest Day” são mencionados, e a participação especial do Superman indica que o herói (apesar do novo uniforme) não é tão diferente nos dias atuais. Muito papo e pouca ação faz com que o título só ganhe nota 3 em 5.
“Animal Man #1” já é outra história: provavelmente é a edição que apresenta melhor o seu herói para novos leitores, muito embora não deixe bem claro como funcionam os seus poderes. Mas a personalidade de Buddy Baker é bem apresentada, e o diferencial que torna o Homem-Animal um personagem interessante (ele ser um “herói de família”) continua lá. Nota 4 em 5.
“Detective Comics #1” é decepcionante. Tony Daniel era um desenhista medíocre que, por algum motivo, foi escolhido não só para desenhar como também para roteirizar o título clássico do Morcego. No quesito arte, ele andou melhorando, mas no roteiro… O resultado é uma estória genérica e perfeitamente descartável, não fosse o que acontece com o Coringa na última página. Nota 1 em 5.
“Green Arrow #1” tenta nos convencer de que o personagem-título é o Steve Jobs dos super heróis. Mais parecido com o Arqueiro Verde da séria de tv “Smallville” do que com sua versão das hqs, este Oliver Queen é até interessante… Só que ainda falta um pouco para que ele seja um “Batman com arco e flecha”. Nota 2 em 5.
“Batwing #1” ganha pontos pela bela arte, muito embora o desenhista Bem Oliver parece demonstrar preguiça ao evitar desenhar planos de fundo. Fora isso, e o design bacana do “Batman da África”, o título não tem muitos atrativos. Os personagens são pocuo desenvolvidos, e a trama é confusa, escolhendo um formato não-linear que só piora as coisas. Nota 1,5 em 5.
“Men of War #1” era supostamente um dos poucos títulos “fora” do gênero super-heróico no DCnU, focando em histórias de guerra. Só que não é bem assim: o protagonista é um soldado, descendente do clássico Sargento Rock, mas suas missões parecem envolver super-seres. O mocinho parece um personagem interessante, mas ainda assim a edição é uma chatice: nota 1 em 5.
“Static Shock #1” estrela o herói negro conhecido aqui no Brasil como “Super Choque”, e é o personagem da DC que mais se assemelha (em personalidade e estilo das histórias) ao Homem-Aranha. A edição é boa, mas eu gostaria de ver mais tempo dedicado a apresentar o herói, explicar seus poderes, contar suas origens e como começou sua relação com o misterioso Hardware. Pontos bônus por Static ter um dos uniformes mais bacanas do DCnU. Nota 3 em 5.
“Hawk and Dove” é um atentado ao bom gosto. Ainda não consigo entender como Rob Liefeld consegue ser pago para desenhar quadrinhos: o cara não sabe desenhar pés, não entende nada de anatomia, proporção, perspectiva ou expressões faciais. Às vezes ele até consegue fazer com que os heróis pareçam seres humanos, mas nessas ocasiões eles ainda parecem halterofilistas asiáticos deformados com 64 dentes. A história e sem graça e não compensa a agonia estética de olhar para a “arte”. Nota -5 em 5.