Sobre a última semana de agosto, não poderíamos deixar de falar daquele que é provavelmente o maior “acontecimento” do mundo das HQs: a estreia do novo Universo DC, apelidado na internet de DCnU.
“Flashpoint #5” não é só o capítulo final do grande crossover da “Distinta Concorrência”, como marca a chegada do reboot que rejuvenesce os heróis da editora, altera algumas de suas estórias e relança toda a linha com 52 edições #1. Quem quiser ler a edição só pelo gostinho do “novo universo” vai ficar desapontado: vemos Flash e Batman com novos uniformes, mas eles agem como sempre e não há nenhuma outra diferença notável. Quem estiver interessado na conclusão bombástica de outra “crise”, também não vai ficar feliz. Flashpoint foi mais uma história de Flash e Batman que uma grande saga envolvendo pencas de heróis e vilões.
Mas quem quiser ler a edição como uma boa história de Flash e Batman vai ficar satisfeito, pois a resolução do conflito repousa nos dramas pessoais dos dois heróis e seus falecidos pais. A sequência final pode até arrancar lágrimas dos leitores mais investidos nos personagens. Mas o que vai interessar mais ao público é a página dupla que mostra a restauração do Universo DC, a combinação de três “linhas do tempo” em uma só (o DCU tradicional, a linha Vertigo e a linha Wildstorm), e apresenta uma nova personagem encapuzada e um novo mistério que muito provavelmente aponta para um futuro crossover envolvendo o DCnU.
Já “Justice League #1” é o primeiro título ambientado no DCnU propriamente… só que no “passado” do novo universo. A história se passa “5 anos atrás” e mostra a formação da Liga da Justiça pela visão dos populares criadores Geoff Johns e Jim Lee. Bom, tecnicamente, só mostra o primeiro encontro entre Batman, Lanterna Verde e, mais no finalzinho, o Superman. Os uniformes estão diferentes, mas o Batman continua o mesmo vigilante sério e obsessivo de sempre. Já Hal Jordan aparece um pouco mais confiante e criativo, talvez refletindo a interpretação do personagem por Ryan Reynolds no longa-metragem do herói. E o Superman, bem, é quem parece mais diferente do modo como é tradicionalmente representado, mas só poderemos dizer com certeza na próxima edição.
“Justice League #1” é uma divertida história de super-heróis, mas não reinventa a roda. O grande problema é o ritmo da leitura: parece que chegamos ao final da edição sem ter acontecido muita coisa, o que é o mal do estilo narrativo “descomprimido” que virou característica das HQs dos últimos anos. E uma das coisas que os criadores prometiam para o “DCnU” era mais conteúdo por edição. Resta saber se já vão quebrar a promessa, ou se o título da Liga é só uma exceção.