Namorados para sempre


Nossa avaliação

[xrr rating=4.5/5]

“It’s easier to be alone. Because what if you learn that you need love and then you don’t have it? What if you like it? And lean on it? What if you shape your life around it and then… it falls apart? Can you even survive that kind of pain? Losing love is like dying.”Meredith Grey

Não é por acaso que “Namorados para sempre” começa com um cachorro perdido que, logo em seguida, vemos ser enterrado por Dean (Gosling). O animal é uma metáfora (nada sutil) do relacionamento do casal-protagonista, cujo leito de morte e nascimento testemunharemos durante as agonizantes duas horas seguintes.

Digo “relacionamento” porque não tenho certeza de que “amor” é o nome correto para o que acontece a Dean e Cindy (Williams). O filme é uma história de garoto-encontra-garota em que ele se apaixona, mas ela não. Sim, é como “(500) dias com ela”, mas não é divertido. É realista. E dói. Muito.

O longa faz parte desse “movimento pós-comédia romântica”, na medida em que é um comentário não sobre o amor, mas sobre a ideia que fazemos dele após séculos de mitos românticos ficcionais. Dean conhece Cindy após ajudar na mudança de um velhinho que, sem a esposa, parece simplesmente à espera do fim no limbo vazio em que sua existência se tornou (mais uma vez, a noção de que vida – amor = morte). Já Cindy troca olhares com ele após ler a passagem altamente romântica de um livro para sua vó.

Tão próximo, tão longe.

Nós fomos ensinados por anos de filmes que, quando isso acontece, trata-se do amor da sua vida. E você deve lutar por ele contra tudo e todos. Mas E SE esse não for o caso? E se vocês não estão juntos devido a uma série de coincidências felizes, mas sim porque a vida te atropelou e, num momento de fragilidade, foi mais fácil ficar com aquela pessoa?

É o que acontece em “Namorados para sempre” – especialmente com Cindy. E o principal objetivo da direção de Derek Cianfrance é realçar esse contraste entre as expectativas da paixão inicial e a realidade de um relacionamento. Ele filma as cenas do casal se conhecendo e se seduzindo em locação, com iluminação natural e uma câmera mais solta, enquanto o palco principal do embate entre Dean e Cindy é o quarto temático de um motel, totalmente artificial e saído de um filme B dos anos 80, ironicamente chamado “The Future”.

Os diálogos soam naturais na crueza e na agressividade que deixam claro o desgaste típico de um longo relacionamento. A atuação de Gosling é monstruosamente boa porque é capaz de, a cada tentativa de reconquistar a esposa, apertar exatamente os botões que acionam a repugnância dela por ele – e Michelle Williams reage com uma naturalidade e um talento de partir a alma.

Ao traduzir o título e lançar o filme às vésperas do Dia dos Namorados, a Paris não simplesmente dá um péssimo golpe de marketing, mas se coloca à mercê de ações judiciais por noivados cancelados e divórcios em massa. “Blue valentine” é um antirromance: é sobre um relacionamento de verdade. Sobre a morte de uma ideia de amor. A última imagem dele fica na sua mente por dias e dias e dias. E você não tem certeza se quer vê-la de novo.


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