HQs da semana: 15 de junho


Nossa avaliação

Outra semana cheia de tie-ins se passou, e outra vez a Marvel superou a DC. Se Fear Itself é inferior a Flashpoint, pelo menos as revistas secundárias relacionadas ao crossover da Marvel tem se mostrado mais interessantes que as da editora rival.

Parte da culpa é da própria DC, que esta semana lançou uma série de edições de qualidade variável, desde as razoáveis como “Flashpoint: Wonder Woman and The Furies #1”, “Flashpoint: Deadman and the Flying Graysons #1” e “Flashpoint: Legion of Doom #1” até a execrável “Flashpoint: Grodd of War #1”. Se o trocadilho no título já é de doer a alma, imaginem o conteúdo da revista. Pra começar, parece que não ocorreu a ninguém na editora que seria levemente ofensivo retratar o continente africano por um macaco. Há até uma tentativa de conferir ao Gorila Grodd uma certa profundidade emocional, mas os autores insistem em bater repetidamente na tecla de um suposto desejo suicida do vilão, sem parar em nenhum momento para fornecer qualquer explicação ou motivação para a depressão símia: só podemos imaginar que ele sente falta do inimigo que nunca teve, já que naquele mundo não existe o Flash.

Já do lado da Marvel, dois tie-ins são bons o bastante para justificar toda a existência do crossover: são revistas como “Avengers #14” e “Avengers Academy #15” que fazem Fear Itself valer a pena. Notem um padrão, entretanto: pela segunda semana seguida, os melhores títulos são aqueles que sequer carregam o nome do crossover, superando em muito minisséries relacionadas, como “Fear Itself: The Home Front #3”.

Em “Avengers #14”, temos uma narrativa focada no combate entre um dos “dignos” e o Hulk Vermelho. Digamos apenas que, com o poder extra concedido por um dos martelos do Serpente, um personagem clássico tem a oportunidade de se vingar de vários duelos perdidos contra o gigante esmeralda, mesmo que seu adversário não seja o Hulk original. A batalha, desenhada pelo sempre competente John Romita Jr., ecoa o confronto épico entre o Hulk e o Sentinela no final de “World War Hulk”. A persistência do roteirista Brian Bendis em uma imitação de documentário como moldura narrativa é levemente irritante, e força demais a barra para o lado do melodrama, mas ainda assim a edição é uma das melhores desde que “Avengers” foi relançado.

Já “Avengers Academy #15” é um daqueles raros títulos que conseguem extrair uma lagrimazinha do leitor – bem, pelo menos do leitor que já vem acompanhando os jovens aprendizes de heróis desde o início. Fear Itself acaba servindo como um ótimo pano de fundo para o desenvolvimento desses personagens: Hank Pym vai se mostrando um professor meio sem jeito, mas mais dedicado que Xavier jamais foi, por exemplo. A força dessa revista, entre tantos outras equipes de heróis adolescentes, está no fato de que estes são jovens cínicos. Ser herói não é para eles uma conseqüência imediata de ter super-poderes, mas uma escolha difícil da qual eles ainda não estão convencidos. Quando as batalhas de Fear Itself irrompem e o grupo se vê lutando em três fronts, eles se vêem obrigados a se tornarem soldados antes mesmo de terem sido heróis: há uma cena pungente entre a Tigresa e Mettle (quando o pacato havaiano se vê obrigado a matar um inimigo), e é impressionante o modo como Tom Raney consegue conferir expressividade a um personagem incapaz de expressões faciais. Aqui, o melodrama vem na medida certa.


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