Dois títulos se sobressaíram de maneira positiva na última semana de março, salvando a quinta quarta-feira do mês, que costumeiramente acaba sendo um vácuo no calendário.
O primeiro destaque vai para “Green Lantern – Esmerald Warriors #8”, que é também a terceira parte do crossover “War of the Green Lanterns”. A narrativa salta para conferir o que anda acontecendo ao grupinho liderado por Guy Gardner bem a tempo de acompanhar o impacto do ataque ao planeta natal da tropa, Oa.
Só pela arte, Emerald Warriors já é um título vários patamares acima dos demais integrantes da saga. O desenhista Fernando Pasarin vem evoluindo sensivelmente desde sua estréia na revista e consegue inclusive fazer com que uma discussão de quatro páginas entre Guy e Hal Jordan não pareça visualmente maçante.
Cumprimentos ao roteirista Peter J. Tomasi também são devidos pela caracterização perfeita dos lanternas rivais. O que acaba fazendo com que a discussão fique tediosa (mesmo após a quarta página, quando ela degringola em briga) são problemas inerentes à própria estória do crossover e não responsabilidade da equipe criativa. Em primeiro lugar, as “diferenças” entre os personagens, tão veementemente verbalizadas na edição, são questões datadas que ameaçam retroceder o relacionamento entre eles ao que era há mais de 15 anos. Em segundo, a velha formula da “influência externa” exacerbando os nervos e causando a luta entre os amigos é velha e tem um desfecho previsível.
O segundo destaque da semana é “Amazing Spider-Man #657”. Quem acompanha essa coluna sabe que o título do Aranha tem sido um frequentador assíduo das minhas críticas desde que o roteirista Dan Slott assumiu e elevou a qualidade e a consistência da revista bi-semanal.
Na edição da vez, vemos a reação de Peter Parker à morte de um amigo querido: o Tocha-Humana, do Quarteto Fantástico. Slott segue uma fórmula tradicional, colocando Peter para trocar estórias sobre o falecido com cada um dos membros sobreviventes do Quarteto. Cada flashback é desenhado por um artista e ilustra a relação de amizade/rivalidade amigável entre o aracnídeo e Johnny Storm.
O pequeno conto narrado pela Mulher-Invisível é hilário e já paga a edição por si só. Inspirada na infantilidade dos colegas e precisando derrotar o Quarteto Terrível, ela descobre um uso novo e terrivelmente eficaz para seus poderes, mas acaba merecendo um sermão do Aranha: “Olha, com grandes poderes, vêm grandes responsabilidades. E só porque você pode fazer as calças dos inimigos desaparecerem, não quer dizer que você deva!”
Slott consegue manipular as emoções dos leitores como se tocasse um instrumento musical. Se a história de Sue nos leva a rir alto, o desfecho só não provocará lágrimas no leitor mais insensível. Após cada membro do Quarteto contar sua estória, o Sr. Fantástico decide dar a última palavra ao Tocha-Humana, e ativa uma gravação feita por Johnny antes de sua morte, endereçada a Peter: “Não vou te deixar as chaves do meu carro esporte, nem nada desse tipo… Eu deixo para você a melhor coisa que eu já tive… A minha vaga nesta equipe. Um lugar nesta família.”
Curiosamente, o “velório particular” em Amazing Spider-Man é infinitamente mais tocante que a edição da própria revista do Quarteto dedicada às repercussões da morte de Johnny, e acaba servindo como uma ponte de ligação melhor para o novo título da equipe, que estreou na semana anterior a esta.